Manejo da HMI em crianças
Caso clínico 1.
Criança de 03 anos de idade, com Hipomineralização de Segundo Molar Decíduo, nos dentes 75 (opacidade demarcada amarelada na cúspide mésio-vestibular, afetando 1/3 da superfície oclusal e menos de 1/3 da superfície vestibular) e do elemento 55 (opacidade demarcada branca na superfície vestibular, com menos de 1/3 da face afetada), sem hipersensibilidade dental em nenhum destes elementos. Não há lesões de cárie ou outras lesões em nenhum elemento dental. Qual o plano de tratamento proposto para essa criança?
R.
Os objetivos aqui foram principalmente 2: trabalhar com grau de severidade, já que a opacidade amarelada em cúspide de trabalho é bem mais grave do que uma branca e pequena, em superfície lisa do outro molar; além disso é um objetivo do caso propor uma proservação de perto no momento da erupção dental dos primeiros molares permanentes, já que há uma chance de 6 a 8x maior dos portadores de hipomineralização de segundos molares decíduos de apresentarem HMI. Assim, o plano poderia ficar assim:
- Criança com risco a cárie restrito ao dente 75, e zero atividade de cárie.
Orientações de dieta mais pastosa nos primeiros 30 dias, além de higiene mais cuidadosa com relação aos molares decíduos
1. selante por pelo menos 30 dias em CIV de alta viscosidade no dente 75, na superfície oclusal, se estendendo para vestibular; Acompanhar este elemento quanto ao risco de cárie e/ou fraturas pós-eruptivas de esmalte
2. o dente 55 poderia ser restaurado com ICON (resina infiltrante) ou somente proservado;
3. Após os 30 dias o elemento 75 seria reavaliado, e poderia ser mantido o selante de CIV ou trocado por selante resinoso;
4. Proservação da criança até a erupção dos molares permanentes, visando diagnóstico e condutas precoces quanto à HMI. Além disso programar acompanhamento de 3 em 3 meses para diagnóstico precoce de possíveis evoluções das hipomineralizações dos dentes tratados.
Caso clínico 2.
Criança de 07 anos de idade, apresentando o dente 36 com fratura pós-eruptiva do esmalte e exposição dentinária, associada à uma opacidade demarcada amarelada, na face oclusal (defeito com extensão de cerca de metade da superfície oclusal). O dente 46 possui uma opacidade demarcada amarelada na cúspide mésio-vestibular, se estendendo para a superfície oclusal, afetando cerca de 1/3 de cada uma destas superfícies. Demais elementos dentais hígidos. A queixa principal da criança é de hipersensibilidade dental do 36.
Perguntas: a) quais alternativas você utilizaria para abordagem analgésica do dente 36? b) Esboce um plano de tratamento para o caso em questão.
R.
Neste caso estamos diante de uma criança com erupção dental recente dos primeiros molares permanentes, e já com o dente 36 exibindo HMI grave (fratura pós-eruptiva de esmalte, com exposição dentinária, em área de esforço mastigatório, e com presença de hipersensibilidade); o que também pode ocorrer no dente 46, que possui uma opacidade amarelada (mais grave que uma branca), em superfície de esforço mastigatório intenso – cúspide de trabalho).
a) o dente 36 já possui exposição de dentina, o que deve ser a causa da hipersensibilidade. A melhor conduta neste caso é uma restauração temporária com CIV de alta viscosidade, selando completamente a fratura, por pelo menos 30 dias. Porém outras medidas poderiam ser interessantes para facilitar a analgesia:
- como será necessária a remoção de esmalte altamente danificado, e provavelmente sem suporte dentinário, ao redor da fratura, possivelmente sob anestesia local, seria interessante a utilização da analgesia pré-emptiva, com Ibuprofeno, 30 minutos antes da realização da anestesia local;
- Este procedimento poderia ser realizado sob sedação por óxido nitroso;
- A anestesia local poderia ser realizada utilizando Articaína, e com associação entre o bloqueio do nervo alveolar inferior + intraligamentar (com os devidos cuidados para evitar contaminação via sulco gengival, com uso de clorexidina);
- O laser de baixa potência poderia ser utilizado também;
b) Paciente com alto risco à cárie e fraturas pós-eruptivas de esmalte restritas aos dentes 36 e 46 e zero atividade de cárie
Orientações de dieta pastosa por pelo menos 30 dias, além de higiene mais cuidadosa, se possível instituir a utilização de dentifrícios alternativos (MI Paste ou hiperfluoretados), sob a forma de “aplicações tópicas caseiras”, nas superfícies afetadas, 1x por dia, de preferência à noite, por no máximo 1 mês.
1. Como o paciente tem dor o primeiro dente a ser tratado é o 36. Restauração temporária, por 30 dias, com CIV de alta viscosidade no elemento, considerando todas as alternativas para analgesia do item a, acompanhando semanalmente a hipersensibilidade do paciente;
2. Se possível na mesma sessão efetuar o selamento temporário com CIV de alta viscosidade na opacidade demarcada do dente 46;
3. Restauração definitiva do dente 36 com RC, com base em CIV;
4. Selante resinoso no elemento 46 (opção, manter o CIV, acompanhando de 3 em 3 meses);
5. Proservação clínica de 3 em 3 meses (observando possíveis fraturas de esmalte nos dentes afetados, ou insucesso das restaurações, além de avaliação da hipersensibilidade dental nestes dentes; além disso a proservação também tem o objetivo de diagnóstico precoce de outros dentes afetados – lembrar que existe um “espectro de HMI”, com outros dentes possivelmente afetados, como pré-molares e caninos, por exemplo).