ESTUDO DIRIGIDO 4 - Autonomia materna
Para a realização
desse Estudo Dirigido, é necessário assistir ao documentário “Uma história
Severina” e ler a decisão proferida pelo TJSP sobre a cirurgia de laqueadura
forçada realizada em Janaína Aparecida Quirino. Além desse material,
encontram-se anexados no moodle
reportagens e artigos que dizem respeito a cada um dos casos, e podem ser úteis
no desenvolvimento da atividade.
PERGUNTA: Tendo em vista as
situações pelas quais passaram Janaína e Severina, qual relação pode ser feita
entre as histórias dessas duas mulheres, especialmente no que diz respeito à
autonomia materna e aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres? Reflita
sobre o papel exercido pelo Estado (por meio dos atores do sistema de justiça)
e sua legitimidade, assim como discorra sobre a medida em que os marcadores
sociais da diferença (raça, classe, gênero etc.) aparecem nos casos concretos.
Na sua resposta,
considere a discussão realizada na monitoria do dia 23/10, em sala de aula, os
excertos de alguns dos textos disponibilizados abaixo e, ainda, o verbete autonomia,
do dicionário Michaelis.
ATENÇÃO: A resposta deve
conter, no máximo, 900 palavras. Não se esqueça de, ao final, clicar em “ENVIAR”
a fim de que a resposta possa ser corrigida.
autonomia
au·to·no·mi·a
sf
1 Capacidade de autogovernar-se, de dirigir-se por suas próprias leis ou vontade própria; soberania. (Dicionário Michaelis)
“Janaina é uma mulher
pobre, em situação de rua,
e que tem filhos. Por isso um membro do Ministério Público entendeu que ela
deveria ser esterilizada. Como Janaina não consentiu ou voluntariamente se
prontificou a realizar a cirurgia, o promotor propôs duas ações judiciais
contra ela e o município de Mococa, com o objetivo de constrangê-la a realizar
um procedimento de esterilização compulsória”.
(VILHENA)
“Em 2004,
Severina estava em uma sala de espera de um hospital público para ser atendida.
Para ela, o médico era a autoridade máxima. Foi ali que descobriu que, sem o
juiz, o médico não poderia socorrê-la. Mas como convencer o juiz de Chã Grande
se o ministro da Suprema Corte dizia que a dor dignificaria uma mulher?
Severina não sabe o que fez o juiz local ouvi-la, mas, com o alvará em mãos,
retornou ao hospital para ser atendida. No caminho, comprou a única peça do
enxoval, a roupa que acompanhou o caixão branco. Sentiu as dores do parto para
em seguida secar o leite do filho natimorto”. (DINIZ)
“Ao terem de exercer a maternidade de forma compulsória, muitas mulheres perderam a autodeterminação sobre seus próprios corpos, que passaram a ser regulados por todos: Estado, sociedade e Igreja, configurando uma verdadeira ‘exploração do poder reprodutivo das mulheres por sistemas e instituições dominadas pelos homens’. Isto se deve, em grande parte, às características presentes nos corpos dos homens e das mulheres que foram historicamente interpretadas pelos homens – fossem eles médicos, juristas ou figuras públicas – como sendo definidoras das capacidades que têm e papéis sociais que exercem. Karen Giffin explica essa mentalidade: ‘[n]a mulher feita para ser mãe (ter um útero significa parir) via-se uma correspondência perfeita entre atributos físicos e funções sociais’”. (MATTAR e DINIZ, p. 108).