O referencial de muitos psicólogos que atuam em instituições clínicas, escolares, sociais e jurídicas voltadas à proteção e cuidado de crianças, sempre em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, tem sido acriticamente divulgada como conhecimento que se aliaria a visões conservadoras sobre a família nuclear e a divisão sexual do trabalho. Afirmando que o desenvolvimento emocional infantil, do qual derivaria a saúde mental do adulto, dependeria do cuidado materno, essa teoria tem sido usada como argumento que aumenta as demandas sociais feitas às mulheres-mães, o que contribui para tornar mais intensos os sofrimentos sociais que se vinculam à maternidade. Esse quadro justifica a proposição da presente disciplina com o objetivo de examinar o conceito winnicottiano de “mãe suficientemente boa” à luz de pesquisas recentes sobre formas alternativas de atendimento das necessidades infantis, que se diferenciam da maternidade privatizada individual sem deixar de convergir com posicionamentos ético-políticos feministas que valorizam a sociedade de cuidados e a busca de uma política dos comuns