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A disciplina “Linguagens da sobrevivência: migrações, interlínguas, narrativas e representações” propõe-se a promover reflexões críticas e filosóficas sobre a migração, o refúgio, o exílio, a linguagem, a tradução, as representações do si e do outro, o autorreconhecimento, hibridismos e modelos possíveis de escrita – avançando por conceitos que, muitas vezes, desafiam os fundamentos das áreas delimitadas pelas linhas de pesquisa convencionais. A disciplina propõe transbordamentos e reporta-se a diversos tipos e gêneros textuais e artísticos. A disciplina tem como objetivos: a) fortalecer a descolonização do pensamento por meio da análise de autores e obras que propõem epistemologias do sul; b) promover análises literárias e históricas; c) analisar a escrita no exílio e sua relação com a criação; d) investigar a criação literária interlinguística, suas histórias e teorias, principais autores e obras, e suas implicações culturais, sociais, históricas, políticas e identitárias; e) elaborar uma metodologia de pesquisa, leitura, escrita, ensino e aprendizagem da criação literária interlinguística, visando ao desenvolvimento de estruturas textuais e formas de conhecimento que integrem as histórias, as teorias, as línguas e as experiências vivenciais e escriturais de autores e indivíduos; f) analisar como obras de literatura e dramaturgia traduzem eventos próprios da contemporaneidade e a relação com a migração e o deslocamento forçado. Ao considerarmos que cada pessoa, em seu fluxo de consciência, constrói sua própria linguagem, o ato de contar a própria história e de transformá-la em narrativas e performances - que revelam seus sentimentos e desejos inconfessos - não deixa de ser uma auto-tradução (Flusser), como um gesto generoso de se expor e alcançar o outro. Os resultados esperados emergem na forma de textos, filmes, narrativas e-ou performances auto-representativas (auto-etnografia), entre outras formas. Além de análises históricas e literárias, a disciplina pretende pesquisar a miscigenação linguística na contemporaneidade, resultante dos processos de mobilidade, migração, nomadismo, guerra, globalização, colonização, exílio e vivência de conectividade digital. Serão investigados autores e obras que expressam uma inquietação quanto ao uso da língua nativa em suas obras, seja por vivenciarem uma situação de movimento transnacional, migração, de invasão territorial ou imposição linguística, seja por vivenciarem um drama psicossocial com efeitos em sua construção linguística. A reflexão incidirá especialmente sobre obras resultantes da experiência linguística de indivíduos que vivenciaram deslocamentos, cruzando fronteiras e habitando culturas e países distantes de suas terras natais, aprendendo línguas estrangeiras. Este fenômeno global de múltiplas causas foi intensificado nos séculos XIX, XX e XXI, com o contínuo desenvolvimento dos transportes, a intensificação das viagens em contextos de dominação e-ou os deslocamentos forçados e a ruptura das fronteiras geopolíticas através das interconexões digitais, provendo o surgimento de uma textualidade interlinguística, centrada no ciberespaço e nas redes sociais. A interlinguística é compreendida, nesta disciplina, como a qualidade característica de textos que mesclam duas ou mais línguas e, eventualmente, como a qualidade de textos monolíngues que, ainda assim, mantêm uma relação com outras línguas, revelada e transparente ou implícita e oculta, seja através da tradução, da interpretação, da construção sintática ou da adaptação lexical.
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