O presente curso pretende apresentar um método para a crítica da comunicação. O ponto de partida é constatação de que se deu uma unificação dos espaços públicos – locais, nacionais ou regionais – por meio da emergência do telespaço público, que tem na imagem eletrônica sua âncora dominante. Aí, a instância da imagem ao vivo funciona como centro virtual que confere veracidade aos relatos e reforça a promessa de transparência neutra à comunicação. No telespaço público, o sujeito racional não é senhor. O inconsciente atua de modo muito mais nítido. Está mais exposto do que antes. As noções de espaço e tempo se articulam em torno da ubiqüidade e da instantaneidade. O presente se expande, por meio da concentração de eventos, a tal ponto em que se tem a impressão de que o gerúndio é o novo tempo histórico. As relações de produção tecem a teia que sustenta o imaginário e aí começam a fabricar valor: na era em que a mercadoria não é mais coisa corpórea, mas um signo, a indústria do imaginário – que nada tem a ver com era pós-industrial – se afirma como o novo “chão de fábrica” em que as mercadorias são verdadeiramente produzidas. Nesse mundo, a comunicação não mais pode ser vista como um jogo de intenções.