Este curso tem dois objetivos centrais: 1) familiarizar os alunos com teorias de contato linguístico que defendem a evolução uniformitária das línguas naturais, opondo-se ao excepcionalismo como tratamento da emergência de línguas e variedades linguísticas em situações de multilinguismo; 2) apresentar e discutir análises propostas para um conjunto de fatos da sintaxe do português brasileiro, caracterizados como resultantes de processos de mudança dessa língua, bem como aspectos da sintaxe das línguas bantu e das línguas kwa. Algumas evidências históricas dão sustentação à postulação de que o quimbundo, uma língua bantu falada até hoje em Angola e a língua de mina, provavelmente uma língua pertencente ao grupo de línguas gbe, da família kwa, com origem na África Oeste, fizeram parte das línguas que integraram essa situação de multilinguismo do Brasil colônia. Além de introduzir os alunos no conhecimento da sintaxe de línguas pertencentes a esses dois grupos de línguas africanas, o estudo desses fatos visa a construir uma base empírica para a hipótese de que o português brasileiro emergiu como uma variedade colonial resultante de um processo de intenso contato multilinguístico no Brasil colônia.