O curso tem como objetivo central lançar uma reflexão ampliada sobre a noção de criação, afastando-a das trilhas correntes que tendem a associá-la ao engenho inventivo de um sujeito (individual ou coletivo), e à elaboração de coisas novas em função de projetos que incidem sobre o mundo ao redor. O intuito é testar os rendimentos analíticos da noção quando experimentada em domínios outros, alargando-a com o auxílio de pesquisas realizadas em terrenos variados: criação de gentes, animais, roças, objetos etc. Em um segundo tempo, trata-se de focalizar as artesaniasque, interpretadas à luz dessa série semântica ampliada, logram separar-se de vias interpretativas usuais que as associam, de um lado, à “tradição” e, de outro, às identidades e resistências. Menos do que negar a importância das discussões existentes, o intuito é deslocar a reflexão, com o auxílio de análises variadas, que auxiliarão, entre outras coisas, a que procedamos ao escrutínio crítico de categorias tais como “arte popular”, “arte primitiva”, “folclore”, “artesanato”, “tradição” etc.