Saúde, como tema de reflexão e campo de interlocução multidisciplinar, é uma das preocupações recorrentes da teoria e da pesquisa em antropologia. A contribuição mais frequentemente reconhecida da antropologia para o estudo de fenômenos e processos de saúde/doença é alargar sua compreensão para além do marco da biomedicina ocidental, dando atenção às lógicas culturais e aos contextos de relações sociais e políticas em que tais fenômenos e processos têm lugar. Ao mesmo tempo, a reflexão antropológica permite interpelar o próprio conceito ampliado de saúde, promovido por saberes e instituições da moderna medicina social, ao focalizar a diversidade de sistemas de saúde/doença e de itinerários e agenciamentos terapêuticos. Menos do que mapear subcampos especificados por diferentes designações (“antropologia da saúde”, “antropológica médica”, “etnomedicina” etc.),  a ênfase do curso recai na discussão de abordagens que articulam fenômenos e processos de saúde/doença a preocupações antropológicas centrais sobre pessoa, corporalidade, subjetividade, cura e itinerários terapêuticos, bem como a debates contemporâneos em torno de  biopoder, biopolítica e formas de mobilização social e ativismo associadas à saúde, em sentido amplo.