INSTITITUTO DE FÍSICA DA USP
FGE0211 - Física III (turma Web)
1o semestre de 2013
Sistematização
dos 'chats' 07 e 08, de 10 e 11 de abril de 2013.
(03S.F)
Nesta terceira semana de conversa sobre conteúdo de
Física, focalizamos Lei de Coulomb e Lei de Gauss.
Tomaram parte da conversa nos chats vinte e cinco alunos:
quinze na quarta e dez na quinta, pois, desta vez, um aluno entrou
na quarta, só cumprimentou e nada mais falou. e
também, na quinta, a mesmíssima coisa, uma aluna
entrou e não exprimiu nada. (Mais uma vez, vou
acusá-los para ver de eles se corrigem. Cuidado para
não terminar o semestre devendo
participação. Estes alunos que não
tiveram presença foram o Rafael Ricardo e
a Raissa.)
Esta sistematização está saindo com
uma semana de atraso por causa da P1 nessa semana
que passou. E a prova teve uma característica
singular: foi com consulta e conversa, pois estava
escrito no guia 00:
"as provas presenciais, seguindo a tradição da
disciplina, serão com consulta e conversa. A saber,
o aluno poderá trazer individualmente, para a sala onde
ocorrerá a prova, livros e anotações que
deverão permanecer junto ao próprio material e
não será permitido o empréstimo a colegas.
Nos primeiros vinte minutos de prova, o aluno tomará
conhecimento do conteúdo da prova e já
começará a encaminhar a resolução.
Aos vinte minutos de prova, os alunos poderão
levantar-se das carteiras e se dirigir à lousa para
trocar idéias a respeito das soluções
encaminhadas. Não será permitido que o aluno
porte qualquer tipo de anotação
em qualquer momento da troca de idéias, mas os alunos
poderão utilizar giz na lousa para dar
sustentação aos seus argumentos. Terminados
esses vinte minutos subsequentes, cada aluno
retornará à sua carteira, trazendo na
memória a discussão, e solitariamente
escreverá a resolução da prova.
No regresso dos alunos às suas carteiras, o professor
apagará a lousa."
No entanto, houve, como em anos anteriores, uns quatro alunos
que preferiram não participar da conversa, pois sentem
que pessoalmente é mais vantajoso manter a
concentração e não se dispersar com
a conversa. Eu só afirmo com ênfase que quem
permanece sentado na carteira não pode conversar
em momento nenhum. Sublinho que quem retornou à
carteira, mesmo que ainda não tenha terminado o
período de conversa na lousa, NÃO PODE
CONTINUAR A CONVERSA NA CARTEIRA!
Da conversa nos chats, a monitora e eu fizemos
os seguintes destaques:
Qual a generalidade da
Lei de Gauss? -pergunta-tema-
. Psor, não entendi a segunda pt
(SURYendrani)
. A lei de Gauss é generalizada, não?
Talvez tenha me confundido após ler a primeira,
mas se ela trata de fluxo, é geral, não?
(SURYendrani)
. Sury, eu também tive dúvidas nessa.
Mas acho que era para pensarmos a respeito do fluxo
(CAUÃ)
. a generalidade da lei de Gauss stá q ela
vale p/ cargas em repouso ou em movimento.
(jlmd (psor))
. Ah,então a pergunta era sobre isso, psor?
Mas se a Lei de Gauss depende do fluxo, então
já não está implícito
o movimento? (SURYendrani)
. acho q não sury... posso ter o fluxo 0 tbm...
(JOYCE)
. o que não foi falado ainda foi que a
lei de gauss funciona sim para sistemas simétricos
mas tem q ser sistemas esféricos... certo?
(tiago (ogait))
. a lei de gauss precisa ter simetria para facilitar
(Patrícia (paty))
. paty, só p/ facilitar, pois a lei vale SEMPRE,
até c/ Q em movim/
(jlmd (psor))
A carga elétrica é um
conceito matemático? Qual a realidade da carga
elétrica?
. A carga é um conceito matemático?
(ARTHur)
. se elas são identificadas nos aceleradores,
então não seria um conceito matemático
e sim algo encontrado experimentalmente, diferente da
carga elétrica, é correto essa
afirmação ?
(RERIano)
. Arthur, cargas elétricas não são
apenas conceitos matemáticos elas na natureza.
Psor, me corrija se eu estiver errada...
(DIANA)
. reri tem razão qdo diz q há partcl
detetadas em experim/os no LHC, p.ex.,mas grávitons
ainda ñ foram detetados...
(jlmd (psor))
. a identificação em experimentos diz q
são partcls reais.
(jlmd (psor))
. professor aquelas particas subatomicas como exemplo
os mésons, bárions etc tmb são
conceitos matemáticos ??
(RERIano)
. se elas são identificadas nos aceleradores,
então não seria um conceito matematico e
sim algo encontrado experimentalmente, diferente da
carga elétrica, é,
correto essa afirmação ?
(RERIano)
. jamis e reri, Q é real. há medidas de Q,
há comprovações de diversos fatos do
eletromagnetismo.
(jlmd (psor))
Há arbitrariedade no conceito de
carga elétrica? No sinal da carga?
. pois, se você tem duas cargas de sentidos
opostos dentro da superfície,
o fluxo é 0
(ricardo (rico))
. rico, cargas ñ têm sentidos pois ñ
são vetores. (jlmd (psor))
. ...podem ter naturezas opostas ou sinais opostos...
(jlmd (psor))
. jamis, a estrutura algébrica da
carga elétrica é um dado inquestionável.
a atribuição de + p/ o próton e
- p/ o elétron, isso é arbitrário.
(jlmd (psor))
Fluxo: há arbitrariedade?
No sinal?
. Tiago, o sistema não precisa ser
esférico.
(DIANA)
. acho que a lei de gauss pode ser aplicada em sistemas
não simétricos também o problema
é que muitas vezes estes sistemas são
complicados do que os simétricos
(THIago)
. Tiago, não necessariamente. O sistema pode ser
cúbico tbm, ou qlqr outra superfície
(desde que seja fechada)
(ricardo (rico))
. a lei de gauss precisa ter simetria para facilitar
(patrícia (paty))
. paty, só p/ facilitar, pois a lei vale SEMPRE,
até c/ Q em movim/
(jlmd (psor))
. Sim, vale para qq superfície.
Mas para facilitar os calculos utilizamos
superfícies simétricas
(patrícia (paty))
. pois, se você tem duas cargas de sentidos
opostos dentro da superfície, o fluxo é 0
(ricardo (rico))
. jamis, o fluxo é positv ou negatv, corresponde
ao componente perpendc do vetor à superf.:
postv p/ fora e negtv p/ dentro.
(jlmd (psor))
. mas a escolha da direção desse fluxo
é arbitrária ou depende do que se busca?
(JAMISon)
Um termo, no fluxo, absolutamente
desnecessário e completamente sem significado...
. sim... mas como eu disse anteriormente, adiciona-se
um fator senoidal ao fluxo. No caso do fluxo
não ser extritamente perpendicular, ainda sim,
existirá uma componente perpendicular,
e esta é a que se vê no cálculo.
(ricardo (rico))
. rico, ñ vejo razão p/ adicionar
esse componente perpendc cossenoidal.
ainda pergunto; pq isso?
(jlmd (psor))
Vejamos:
A Lei de Gauss, como enunciada acima, não faz
referência ao movimento da carga.
Na fundação da Teoria da Relatividade
percebeu-se que a Lei de Gauss era invariante pelas
Transformações de Lorentz. O significado
dessa propriedade é que a Lei de Gauss já
supunha o movimento das cargas. Já a Lei de
Coulomb deixa de ser esfericamente simétrica
para cargas com velocidade v.
Além disso, apareceu nesse assunto a confusão
sobre fluxo de um vetor com a idéia do movimento de algo,
pois a palavra fluxo parece sugerir isso. De fato, se algo
está em fluxo, entende-se que está passando.
E foi exatamente para reforçar essa concepção
que os criadores do conceito utilizaram a expressão de
fluxo do vetor para indicar que é como se o vetor
atravessasse a superfície quando houver fluxo do vetor.
Mas efetivamente esse conceito corresponde a algo estático,
pois o fluxo do vetor indica uma configuração de
linhas de campo em relação à
superfície.
Mas fluxo nulo significa que as linhas de campo que "perfuram"
para dentro da superfície também "perfuram"
para fora. E em nada tem a ver com uma carga elétrica
em repouso (velocidade nula).
Finalmente, a pareceu enunciada a idéia de que "se
a Lei de Gauss tem a ver com fluxo, então é
geral..." Eu não sei de onde veio "essa
intuição", mas ela não se sustenta em
nenhuma argumentação, pois um fluxo pode ser
uma propriedade de campo vetorial muito particular.
Estas propriedades das partículas que correspondem a
poderem interagir (ou não) com certa intensidade,
vão sempre suscitar a questão: Essas
propriedades, será que são reais?
Nesse destaque vamos focalizar o quanto a carga
elétrica aparece para ser uma presença
concreta na explicação dos fenômenos
eletromagnéticos. Trata-se de um conceito que,
embora não percebido diretamente por nossos
sentidos humanos, pode ser medido por aparelhos
adequados e consegue explicar um sem número
de fatos experimentais, de forma simples.
Há ainda a questão de que as duas
naturezas da carga conseguem ser expressas por sinais
algébricos. Isso vem dos fatos de que os efeitos
de um tipo de carga são minimizados pelos efeitos
do outro tipo de carga e também de a carga ser
um escalar.
[É notável como os fatos físicos
conseguem ser expressos de uma forma simples e
simétrica através da linguagem
matemática.]
Porém o que é evidente experimentalmente
é as duas naturezas de cargas elétricas
poderem ser associadas aos dois sinais algébricos.
A escolha do sinal positivo para a carga do próton
e do sinal negativo para a carga do elétron foi
completamente arbitária.
A Lei de Gauss fala de fluxo de E em
superfícies fechadas. Se esta superfície for
composta de várias sub-superfícies, os fluxos
através de cada sub-superfície não
serão necessariamente iguais. No entanto se as
superfícies formarem um poliedro regular e a carga
estiver no centro, então os fluxos serão
iguais. Teremos, no limite, o caso de uma esfera com a carga
no centro, em que o campo, em cada ponto da superfície
esférica, terá a mesma intensidade. Mas a
Lei de Gauss não necessita disso para ter a validade
assegurada. Ela vale para qualquer superfície fechada,
podendo ser a mais disforme. Nesse caso, o fluxo do campo
elétrico será extremamente difícil de ser
calculado, mas ainda a Lei de Gauss permanecerá
válida.
Para ser útil no cálculo do campo elétrico,
devemos ter uma distribuição de cargas com
algum grau de simetria. Temos que tomar uma superfície
fechada formada por uma sub-superfície, de área
A e normal ao campo elétrico E,
na qual E (E = Eûn)
tenha sempre a mesma intensidade. As demais sub-superfícies
que tornarão a superfície fechada, devem ser
paralelas a E. Assim, o fluxo de E fica sendo
ΦE = E.A .
Por exemplo, no caso de uma carga puntiforme Q, o campo elétrico tem simetria esférica e a superfície gaussiana é certamente a esférica de raio r, indicando que calcularemos o campo elétrico E = Eûr, associado à carga Q e à distância r. A área é
A = 4.π.r2.
Então o fluxo torna-se
ΦE = E.4.π.r2 .
Temos assim o valor do campo elétrico
E = (1/4.π.εo) . (Q/r2)ûr.
Outro exemplo: um fio infinito retilíneo, uniformemente carregado, com densidade linear de carga elétrica uniforme λ. Este problema tem definidamente simetria cilíndrica. Dada a simetria, todos os pontos, ao longo da posição que caracteriza o fio, são equivalentes. Por isso usamos, como superfície gaussiana uma superfície cilíndrica de raio r, acrescida por duas tampas circulares de raio r. Estas tampas servem apenas para fechar o volume, em torno do fio, mas não contribuindo no fluxo, uma vez que nestas tampas o campo E é paralelo à superfície. Notem que se espera um campo radial, por isso o fluxo na superfície cilíndrica de altura arbitrária h é
ΦE = E.2.π.r.h .
A carga elétrica no interior do cilindro de altura h é Q = λ.h. Temos assim o valor do campo elétrico
E = (1/2.π.εo) . (λ/r)ûρ.
Por fim, convenção utilizada é que se tome a orientação positiva de superfície fechada para fora. Dois comentários: (a) essa escolha não é ambígua, pois para fora contém o infinito e (b) a aparente arbitrariedade dessa escolha termina quando notamos a completa consistência entre sistemas dextrógiros e orientações positivas de superfícies fechadas para fora (quer dizer, apontando para o infinito).
Esse comentário é rápido.
Depois de uma semana, ainda não consegui compreender
a idéia e nem a utilidade deste termo adicional ou
mesmo um fator em componente perpendicular incluindo
um fator senoidal ao fluxo. Parece-me absolutamente
desnecessário.
JOSÉ LUCIANO MIRANDA DUARTE
22abr2012
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