Roteiro para discussão de Lewontin (1972) e Lewis et al (2022)

Revisitando Lewontin (1972)

Vamos usar esse bloco para tirar dúvidas mais técnicas sobre como o paper foi construído, quais métodos foram usados, e também discutir o legado do paper.

  1. Os métodos usados por Lewontin para descrever a distribuição da variação genética lhes parecem apropriados para a questão sendo proposta? A amostragem de populações e de marcadores parece ser algo que impacta nos achados?

  2. A principal conclusão do artigo é expressa no último parágrafo: “Human racial classifcation is of no social value and is positively destructive of social and human relations. Since such racial classification is now seen to be of virtually no genetic or taxonomic significance either, no justification can be offered for its continuance.” Esse argumento tem ressonância na nossa visão de raças, nos dias de hoje? Ele é objetivamente correto?

Desafiando Lewontin

  1. Uma crítica a Lewontin (1972) foi formulada por Anthony Edwards, e fica aparente no sucesso e ampla disseminação dos testes genéticos e análises de ancestralidade geradas por empresas como a 23Andme, ou a Ancestry.com. A crítica afirma que é falacioso dizer que raças não existem e que não há “informação taxonômica” na variação humana, pois com muitos marcadores genéticos podemos classificar indivíduos em grupos que são associados a suas origens geográficas. Basta pensar nos gráficos que descrevem a porcentagem de ancestralidade que uma pessoa tem na África, Europa, ou entre indígenas. Pergunto: tal possibilidade de classificação de fato revela uma limitação no argumento de Lewontin? Se podemos alocar pessoas em grandes grupos geográficos, no final das contas estamos admitindo que raças, de alguma forma, existem?

  2. Outra crítica feita a Lewontin vem do fato de que há alguns genes que, quando analisados, revelam diferenças muito marcantes entre continentes (por exemplo, Africa e Europa). Esses genes parecem ser “marcadores raciais”. Então isso quer dizer que Lewontin estava errado? Como conciliar a existência desses genes com os achados de Lewontin?

Alternativas à velha terminologia racial

  1. Se as categorias raciais são biologicamente problemáticas, por não representarem grupos “naturais”, vale então buscar alternativas. Há duas comumente usadas na literatura: (1) deixar de falar em “raças” e passar a falar em “grupos étnicos”, e deixar de falar em “raças” e (2) falar em “grupos definidos por ancestralidade genética”. Argumenta-se que a ancestralidade genética é objetivamente estimada, quantitativa, e reflete grupos com significado biológico real, representando assim uma boa alternativa. Comente, usando os artigos lidos como base, como você vê o valor de tratar de grupos definíveis por ancestralidade genética.

  2. Mesmo diante dessas críticas, você consegue imaginar uma situação em que o uso continuado de categorias raciais seria de fato útil, numa investigação científica?