Como Calcular seu Risco Cardiovascular

Escrito em parceria com Chris M. Matsko, MD

Neste Artigo:Calculando fatores de riscoProtegendo-se para reduzir os riscosAvaliando os resultados15 Referências

Existem alguns fatores de risco que afetam as chances de as pessoas desenvolverem doenças cardiovasculares. Alguns deles estão além do nosso controle, como o envelhecimento, o sexo (homens são mais propensos) ou históricos familiares de problemas do tipo. Outros, por sua vez, podem ser mitigados: pressão alta, colesterol alto, obesidade, nível de atividades físicas e o hábito de fumar. Para calcular a probabilidade de passar por algo assim, você deve examinar diversos parâmetros e relacionar determinados valores para, ao fim, saber como esse escore reflete seu estado de saúde.

Parte 1
Calculando fatores de risco

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    Consulte um médico para fazer exames físicos e de sangue. Para calcular o risco cardiovascular, você deve antes verificar certos aspectos da sua saúde em uma consulta médica normal, em que o profissional colha uma amostra de sangue para testar níveis de algumas substâncias.[1]
    • Um dos exames é o da pressão arterial (a força que o sangue exerce nas paredes internas das suas veias e artérias enquanto circula pelo corpo). Se ela for alta demais, o coração e os vasos ficam tensos e, assim, o risco de doenças cardiovasculares ou derrames aumenta.[2]
    • O médico também pode pedir uma amostra de sangue para enviar ao laboratório, para que possa detectar seu nível de glicose (a quantidade de açúcar no seu sangue). O nível mais aceitável é de 140 mg/dL (7,8 mmol/L) duas horas após o paciente se alimentar. Se for maior — ficar entre 200 mg/dL (11,1 mmol/L) ou mais após a alimentação —, pode indicar um quadro de diabetes.[3] Lembre-se também de que os resultados vão ser diferentes se você fizer o exame de jejum.
    • A amostra de sangue também vai testar os níveis de colesterol bom (HDL) e ruim (LDL). O primeiro tem a função de limpar o corpo e ajudá-lo a processar o LDL, enquanto o segundo pode ficar acumulado nas artérias. Níveis saudáveis deste último ficam abaixo de 100 mg/dL, enquanto o HDL deve estar em aproximadamente 40 mg/dL.[4]
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    Leve a idade em consideração. Pessoas com menos de 30 anos são menos propensas a doenças cardiovasculares, mas os riscos aumentam tanto para homens quanto para mulheres conforme ficam mais velhos. Além disso, mulheres ficam um pouco menos suscetíveis a esses problemas quando comparadas a homens da mesma faixa etária.[5]
    • Calcule o risco de acordo com a idade. Faça acréscimos ou subtrações a partir do valor inicial zero. Se for homem, subtraia 1 ponto se tiver 30-34 anos e some 1 ponto para cada cinco anos de vida. Ou seja: se tiver entre 65 e 69 anos, acrescente 6 pontos. Faixas etárias maiores (70-74 anos) devem somar 7 pontos.
    • Se for mulher e tiver 30-34 anos, subtraia 9 pontos a partir de zero. Reduza 4 pontos para as idades 35-39 e zero para 40-44. Por fim, some 3 pontos para 45-49, 6 para 50-54, 7 para 55-59 e 8 para 60-74.
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    Some os níveis de colesterol ruim (LDL). Esse colesterol é composto de lipídios que fazem mal ao coração e aos vasos sanguíneos, já que ficam depositados nas paredes das artérias coronárias (vasos do coração) e causam a formação de placas — que, por sua vez, prejudicam a circulação do sangue e podem levar a doenças cardiovasculares.[6]
    • Continue adicionando ou subtraindo valores dos números obtidos a partir dos métodos citados acima. Se for homem, subtraia 3 pontos se seu nível de LDL estiver abaixo de 100 mg/dL e acrescente zero para 100-159 md/dL, 1 para 160-190 mg/dL e 2 pontos para mais de 190 mg/dL.
    • Se for mulher, subtraia 2 pontos se seu nível de LDL estiver abaixo de 100 mg/dL e acrescente zero para 100-159 md/dL e 2 para 160 mg/dL ou mais.
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    Some os níveis de colesterol bom (HDL). O HDL é visto como "bom" porque ajuda a diminuir o risco de doenças cardiovasculares, já que transporta lipídios nocivos de volta ao fígado, de onde são eliminados do corpo.[7]
    • Se for homem, acrescente 2 pontos se seu nível de HDL estiver abaixo de 35 mg/dL e 1 ponto para 35-44 md/dL e zero para 45-59 mg/dL. Por fim, se o colesterol estiver em 60 mg/dL ou mais, subtraia 1 ponto.
    • Se for mulher, acrescente 5 pontos se seu nível de HDL estiver abaixo de 35 mg/dL e 2 para 35-44 md/dL, 1 para 54-49 mg/dL e zero pontos para 50-59 mg/dL. Por fim, se o colesterol estiver em 60 mg/dL ou mais, subtraia 2 pontos.
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    Leve em consideração a pressão arterial, que está ligada a problemas cardiovasculares. A pressão alta, fator de risco sério no desenvolvimento da doença arterial coronariana, tem dois valores: sistólica (primeiro número) e diastólica (segundo). A pressão ideal para adultos deve ficar abaixo de 120/80 mmHg (120 para sistólica, 80 para diastólica). Valores superiores a 140/90 indicam hipertensão. Por fim, pessoas que têm esse problema ou diabetes ou até insuficiência renal crônica devem ter valores ainda menores.[8]
    • Se for homem, acrescente zero pontos se tiver a pressão arterial abaixo de 130/85; 1 se tiver algo entre 130/85 e 139/89; 2 se tiver entre 140/90 e 159/99 e 3 pontos se tiver uma pressão superior ou igual a 160/100.
    • Se for mulher, subtraia 3 pontos se sua pressão arterial for menor que 120/80; acrescente zero pontos se tiver entre 120/80 e 139/89; 2 se sua pressão sistólica estiver ente 140/90 e 159/99 e 3 pontos se tiver uma pressão superior ou igual a 160/100.
    • Some valores maiores se as pressões sistólica e diastólica tiverem níveis diferentes dos citados acima. Por exemplo: se for homem e tiver a sistólica de 170/90, acrescente 3 pontos, em vez de 2.
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    Considere as chances de desenvolver diabetes. Essa doença está bastante relacionada a doenças cardiovasculares — tanto que quem sofre dela tem o dobro de chances de desenvolver problemas no coração ao longo da vida. Isso acontece, em partes, porque essas pessoas também são suscetíveis a ter hipertensão, enquanto altos níveis de açúcar no sangue aumentam os depósitos de gordura e a formação de placa nas artérias (intensificando a probabilidade de os vasos entupirem).[9]
    • Se não tiver diabetes, não some nada ao saldo (independentemente do sexo).
    • Se tiver diabetes e tomar medicamentos de controle, acrescente 4 pontos ao saldo (independentemente do sexo).

Parte 2
Protegendo-se para reduzir os riscos

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    Pratique exercícios regularmente. Alguns hábitos dão ao organismo certa proteção contra doenças cardiovasculares. Praticar atividades físicas pode diminuir a pressão arterial e os níveis de colesterol, além de reduzir as chances de infartos ou derrames. Médicos recomendam que pacientes tentem praticar pelo menos cinco sessões semanais de 30 minutos de exercícios moderados (caminhar ou aeróbico) ou três sessões de 25 minutos de exercícios mais intensos (correr, praticar algum esporte de contato, andar de bicicleta etc.). Ademais, também recomendam duas sessões semanais de treinamento de força moderado ou intenso.[10]
    • Subtraia 1 ponto do salto caso se encaixe nos parâmetros recomendados (independentemente do sexo). Se não, some esse ponto.
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    Pare de fumar. O cigarro não só faz muito mal aos pulmões, mas também aumenta suas chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Os produtos químicos em sua composição danificam os músculos cardíacos e os vasos, além de também promoverem a aterosclerose, diminuírem as taxas de colesterol bom (HDL) e aumentarem a pressão arterial.[11]
    • Não some nada se não fumar (independentemente do sexo). Se fumar — mesmo que só tenha consumido um cigarro, charuto ou cachimbo no mês anterior —, acrescente 2 pontos ao saldo.
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    Leve a alimentação em consideração. Os hábitos alimentares também protegem o organismo de doenças cardiovasculares. Basicamente, aquilo que comemos pode controlar a pressão arterial, o diabetes, o ganho de peso e a taxa de colesterol. Para otimizar os resultados, coma muitos legumes, verduras e frutas, além de cereais integrais e proteínas magras (como peixe, frango e feijão). Evite açúcares, carboidratos refinados e carne vermelha[12] e consuma boas quantidades de fibras — as solúveis, encontradas em produtos como aveia, reduzem o nível de colesterol ruim (LDL) na corrente sanguínea.[13]
    • Consulte o Guia Alimentar para a Alimentação Brasileira do Ministério da Saúde para saber como se alimentar e, se cumprir todas as diretrizes do documento, subtraia 1 ponto do saldo (independentemente do sexo).[14] Caso contrário, acrescente esse ponto.

Parte 3
Avaliando os resultados

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    Faça a soma dos pontos. Agora, já obteve todos os parâmetros de fatores de risco e preventivos a partir das seções anteriores. Some-os para ver o escore final.
    • Por exemplo: se for mulher e tiver 62 anos (8 pontos), praticar exercícios regularmente (-1 ponto), mantiver uma dieta saudável (-1 ponto), não fumar (zero pontos), não for diabética (4 pontos), tiver a pressão de 130/80 (zero pontos), nível de colesterol bom em 45 mg/dL (1 ponto) e de colesterol ruim em 140 mg/dL (zero pontos), seu escore final vai ser de 8 -1 -1 +0 +4 +0 +1 +0 = 11.
    • Se for homem e tiver 48 anos (2 pontos), não praticar exercícios regularmente (1 ponto), fumar (2 pontos), não mantiver uma dieta saudável (1 ponto), tiver diabetes (4 pontos), pressão de 160/100 (3 pontos), nível de colesterol bom em 20 mg/dL (2 pontos) e de colesterol ruim em 220 mg/dL (2 pontos), seu escore final vai ser de 2 +1 +2 +1 +4 +3 +2 +2 = 17.
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    Calcule o risco cardiovascular (se for homem). Use o saldo total para determinar a porcentagem correspondente, que representa o risco de desenvolver doenças cardiovasculares ou de passar por algum problema no coração nos próximos dez anos. Essa relação entre pontos e risco é diferente para homens e mulheres.[15]
    • Se for homem, ter um saldo total de -3 pontos representa um risco de 1% de desenvolver problemas cardiovasculares nos próximos dez anos. Nesse sentido, ter -2 ou -1 pontos indica um risco de 2%; zero pontos, 3%; 1 ou 2 pontos, risco de 4%; 3 pontos, 6%; 4, 7%; 5 pontos, 9%; 6 pontos, 11%; 7, 14%; 8, 18%; 9, risco de 22%; 10, 27%; 11 pontos, 33%; 12, 40%; 13, 47%; 14 ou mais pontos, 56% de chance.
    • O homem do exemplo acima, de 48 anos, tem um escore de 17; ou seja: tem mais de 56% de chance de ter algum problema nos próximos dez anos. Isso quer dizer que mais de 56 entre cada 100 pessoas com um escore semelhante a esse vão sofrer um infarto ou outro problema cardíaco na próxima década.
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    Calcule o risco cardiovascular (se for mulher). Se for mulher, ter um saldo total de -2 pontos de representa um risco de 1% de desenvolver problemas cardiovasculares nos próximos dez anos. Nesse sentido, ter -1, 0 ou 1 pontos indica um risco de 2%; 2 ou 3 pontos, 3%; 4 pontos, risco de 4%; 5 pontos, 5%; 6, 6%; 7 pontos, 7%; 8 pontos, 8%; 9 pontos, 9%; 10, 11%; 11, 13%; 12, risco de 15%; 13, 17%; 14 pontos, 20%; 15, 24%; 16, 27%; 17 ou mais pontos, 32% de chance.
    • A mulher do exemplo acima, de 62 anos, tem um escore de 11; ou seja: tem 13% de chance de ter alguma doença cardiovascular. Isso quer dizer que 13 entre cada 100 pessoas com um escore semelhante a esse vão sofrer um infarto ou outro problema cardíaco na próxima década.
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    Faça adaptações ao estilo de vida para reduzir o risco. Se tiver um risco de 20% ou mais de desenvolver problemas cardiovasculares nos próximos dez anos, considere fazer mudanças significativas. Embora não possa controlar a idade, dá para regular vários outros parâmetros. Por exemplo: se tiver um alto teor de colesterol ruim, você pode reduzi-lo por meio de exercícios regulares e medicamentos que controlem os lipídios, como estatinas.
    • Consulte o médico para saber mais sobre a saúde do coração, mesmo que esteja com um escore razoável. Ele vai indicar maneiras de melhorar seu estado, incluindo cortar o cigarro, controlar a pressão arterial, mudar a alimentação e praticar mais exercícios ou diminuir o colesterol ruim.

Dicas

  • O "risco cardiovascular" indica a possibilidade de sofrer um infarto (ataque cardíaco), desenvolver um quadro de doença arterial coronariana (bloqueio dos vasos sanguíneos pela formação da placa aterosclerótica, o que leva à redução do transporte de sangue para o coração em si e, por consequência, causa dores no peito, principalmente durante atividades físicas) e insuficiência cardíaca (quando o coração não consegue bombear uma quantidade suficiente de sangue para dar conta do oxigênio, o que leva à falta de ar e ao inchaço das pernas).

Sobre o Artigo

Este artigo foi escrito em parceria com Chris M. Matsko, MD. O Dr. Matsko é um Médico aposentado na Pensilvânia. Formou-se na Temple University School of Medicine em 2007.

Categorias: Saúde Cardiovascular e Pressão Sanguínea

Em outras línguas:

English: Calculate Your Heart Disease Risk, Русский: рассчитать риск развития болезней сердца

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