Tamanho efetivo populacional e evolução neutra BIO208: Processos Evolutivos 2016
Exercício em sala 2:
Esses exercícios tem o objetivo de ilustrar uma aplicação do conceito de tamanho efetivo populacional e de analizar padrões de variação genética que permitem testar predições da teoria neutra.
Algumas espécies alternam tamanhos populacionais ao longo do tempo, passando por fases populosas e outras com tamanho populacional baixo.
Considere uma espécie cujo tamanho populacional passa por ciclos da seguinte forma : \(N_1= 10, N_2 =100, N_3 = 1000, N_4 = 10\). Qual o seu tamanho efetivo populacional? Compare esse tamanho efetivo com o tamanho de censo médio ao longo dessas quatra gerações, na forma de uma razão do tipo \(N_e / N_c\).
Examine agora a fórmula para o tamanho efetivo populacional de uma população com machos e fêmeas.
\(N_e = \frac{4N_f N_m}{N_m + N_f}\)
Usando essa fórmula, compare o tamanho efetivo populacional nos seguintes três casos:
Teoria neutra. De acordo com a teoria neutra da evolução molecular, a taxa de substituição de um gene (o número de mutações que se fixam por unidade de tempo) deve ser proporcional à taxa de mutação.
Examine o gráfico abaixo, que apresenta a relação entre o número de substituições e o tempo de divergência para 3 genes diferentes. Os valores foram calculados comparando genes de espécies com diferentes graus de divergência.
(a) Os resultados são consistentes como a expectativa da teoria neutra?
(b) Porque as linhas indicando a relação entre k (eixo y) e tempo de divergência (eixo x) difere entre os genes? Isso é compatível com a hipótese desses genes possuírem a mesma taxa de mutação?
Taxa de heterozigose sob neutralidade.
Será que a teoria neutra é aplicável para a nossa espécie? Uma das primeiras tentativas de responder essa pergunta foi feita por Kimura e Ohta, em 1973.
O ponto de partida deles foi o conhecimento teórico a respeito da relação do tamanho de uma população e a diversidade genética presente nela. Matematicamente essa relação segue a seguinte equação: \(H = \frac{4N_{e} \mu}{4N_e \mu + 1}\).
Isso signfica que, se soubermos a diversidade genética de uma população (medida por \(H\)), e também sua taxa de mutação (\(\mu\)), podemos estimar seu tamanho efetivo populacional (\(N_e\)).
Kimura e Ohta usaram dados disponíveis na literatura da época a respeito da taxa de heterozigose de populações humanas, assim como estimativas de sua taxa de mutação.
A sua tarefa é usar essas informações e a teoria neutra para estimar o tamanho efetivo de populações humanas. O que você acha desse resultado? Como esse tamanho efetivo estimado compara com o tamanho de censo (isso é, o número de indivíduos que de fato vivem na terra)? A seu ver, essa estimativa apoia a teoria neutra?