Morador faz 'malabarismo' após atraso de bolsa
Os atrasos nos pagamentos do bolsa-aluguel têm levado beneficiários do programa a recorrer a empréstimos para não serem despejados. Houve até quem tenha deixado a casa alugada por causa disso.
A prefeitura diz que houve atrasos no passado, mas que, agora, as contas estão em dia.
Desempregada, a dona de casa Edite da Silva, 40, diz que terá de se mudar pela segunda vez após o despejo.
Os motivos são atrasos constantes na bolsa e aumentos no valor do aluguel, sempre acima dos R$ 400 mensais pagos pela prefeitura.
"[Os locatários] dizem para a gente: 'Eu aluguei a casa para você, não para a prefeitura'", afirma a desempregada, há seis anos desalojada por causa de obra do município na região de Heliópolis.
Ela afirma que mudará para uma casa com aluguel R$ 100 menor –atualmente ela paga R$ 600. "Não me deram nenhuma previsão de quando sai meu apartamento [de moradia popular]", diz.
Já a auxiliar Maria das Graças Paulino, 48, ficou desabrigada em um incêndio que deixou três mortos, em 2013.
Ela conta que, desde então, tem feito malabarismo para pagar o aluguel de R$ 780 em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, na zona sul. "Só neste ano já tive de pegar empréstimo duas vezes, para depois devolver com R$ 50 de juros, por causa do atraso."
A prefeitura não deu prazo para entregar as casas às duas moradoras de Heliópolis.
INTERRUPÇÃO
Integrantes do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, que acompanham o cotidiano dos desalojados, contam que as interrupções do pagamento do benefício sem justificativa são comuns.
Já auditoria da CGM (Controladoria Geral do Município) constatou dezenas de casos de pessoas que receberam o benefício mesmo após conseguirem suas casas.