Sinhá Canção de Chico Buarque e João Bosco Se a dona se banhou Eu não estava lá Por Deus, nosso Senhor Eu não olhei, Sinhá Estava lá na roça Sou de olhar ninguém Não tenho mais cobiça Nem enxergo bem Pra quê me por no tronco Pra quê me aleijar Eu juro a vosmecer Que nunca vi Sinhá Por que me faz tão mal Com olhos tão azuis Me benzo com o sinal Da Santa Cruz Eu só cheguei no açude Atrás da sabiá Olhava o arvorero Eu não olhei Sinhá Se a dona se despiu Eu já andava além Estava na amoenda Estava para Xerém Por que talhar meu corpo Eu não olhei Sinhá Pra quê que vosmecer Meus olhos vai furar Eu choro em iorubá Mas oro por Jesus Pra quê que vassumcê Me tira a luz E assim vai se encerrar O canto de um cantor Um voz no pelourinho E ares de senhor Cantor atormentado Herdeiro sarará Do nome do renome De um feroz senhor de engenho E das mandingas de um escravo Que no engenho enfeitiçou Sinhá