Gruppo Corrente di Vita Giovanile

Artistas antifascistas e que queriam se reconectar com as vanguardas do início do século, como o pós-impressionismo, o expressionismo alemão e fauvismo.

1938-1940, criação da revista Corrente di Vita Giovanile pelo jovem pintor Ernesto Treccani (herdeiro da família Treccani, criadora da famosa enciclopédia italiana). É uma revista de crítica de arte e literatura e política. Pelo conteúdo crítico a revista é censurada em 1940.

Nesse tempo organizam duas exposições e um manifesto, no Palazzo della Permanente em Milão. 1939.

Contribuição de críticos e artistas do movimento anti-fascista.

Influenciados pela crítica de Eduardo Persico em seu período milanês, sobretudo com Birolli e Sassu.

1940, fechamento da revista e abertura de um espaço para debates e encontro de artistas – a Bottega di Corrente, na via della Spiga 9.

1942, criação da Galleria di Corrente e della Spiga, com o apoio do colecionador Alberto Della Ragione.

1943, criação Fronte Nuovo Delle Arti, movimento de resistência dos artistas.

Nesse período, alguns desses artistas foram presos pelo regime algumas vezes, trabalhavam quase de forma marginal ao sistema de artes nacional.

Em 1944, com Roma recém-liberada, o governo abre os museus e galerias para os soldados. A diretora da Galleria d'Arte Moderna di Roma, Palma Bucarelli, fica indignada pois não é chamada. Decide criar uma exposição por conta própria para chamar os soldados, com um programa próprio de arte contemporânea.

Muitos desses artistas são apresentados pela 1ª vez nas Bienais de Veneza do pós-guerra.

 

Artistas italianos em São Paulo: Grupo Santa Helena
Prof. Patrícia Freitas

A denominação do grupo vem do fato de que esses artistas se reuniam no Palacete Santa Helena, a crítica os apresentava assim.

  • Bonadei
  • Graciano
  • Rebolo
  • Volpi
  • Pennacchi
  • Rizzotti
  • Manoel Martins
  • Zanini
  • Humberto Rosa 

Eram jovens quando se reuniam lá, por volta de 20 e poucos anos. Volpi e Pennacchi mais velhos, os únicos nascidos na Itália.

Paulo Rossi Osir, fundador da Família Artística Paulista, tem vários pontos de articulação com o grupo.

 

O que eles têm em comum:

·         São imigrantes ou filhos de imigrantes

·         Formação em escolas de artes e ofícios

·         Experiência com artes aplicadas, decoração de residências, letreiros, ilustrações etc.


Na década de 1930, se conhecem (alguns já tinham estudado juntos, no Liceu de Artes e ofícios ou na Escola Masculina do Brás). Sabemos de muito deles pela crítica. Por isso é difícil entender no detalhe qual a participação efetiva de cada artista dentro do grupo, por ex. Volpi.

Quando à crítica, são principalmente Mário de Andrade e Sérgio Milliet que os apresentam como grupo.

Paulo Rossi Osir foi um dos fomentadores.  Cria a Osisarte, nasce para suprir a fabricação de azulejos para o Ministério de Educação e Saúde, mas passa também a fornecer material para esses artistas “decoradores”.

Começam a participar de exposições individuais, participação importante pelo menos nas 3 primeiras Bienais de São Paulo. Trabalham só com figuração. Conforme a abstração ganha espaço nas bienais, eles deixam de aparecer.

Em 1950 ocorre a dissolução do grupo, ou melhor, do ateliê compartilhado.

 

Exposições do Grupo Santa Helena

1934, I Salão Paulista de Belas Artes: modelo do salão da escola Nacional de Belas Artes RJ- Volpi, Bonadei, Mario Zanini, Paulo Rossi Osir, Corlini e outros.

1936, exposição de pequenos quadros, a crítica entende que é quando tiveram mais sucesso.

1937, 39 e 40, exposições da Família Artística Paulista. São as mais importantes para Grupo Santa Helena. Como a nossa historiografia entende a consolidação do moderno.

1937-39, Salões de Maio, salões que funcionam como resposta a esse ambiente conservador, se veem herdeiros de uma linguagem mais experimental.

1941, I Salão de Arte da Feira Nacional das Indústrias. O modelo vem dos salões internacionais de indústrias, como a feira de Milão, nos quais o que era de mais novo da indústria era colocado junto com o que havia de mais moderno em pintura. A crítica olha para o Grupo Santa Helena, pois era visto como tendo uma relação com as artes aplicadas, mas a produção deles era de pintura de cavalete.

1947 – I Exposição Circulante de Arte

Déc. 1950, exposições individuais, criação da Bienal de São Paulo, esses artistas participam dos comitês de organização desses eventos.

O texto “De Anita ao museu” (Paulo Mendes de Almeida) é o primeiro que sistematiza as informações sobre o GSH.

A historiografia do grupo é muito escrita no ambiente da USP.

 

A visão da crítica/historiografia

* Artistas-artesãos: ligados às técnicas decorativas, formação em artes e ofícios

* Artistas-proletários: ligados aos ofícios industriais

* embate entre arte (inovação, individual) x artesanato (tradição, coletivo)

* diferenciação entre os artistas vanguardistas e aqueles conservadores

* valorização do desenho e do pintor como artesão

* embates sobre o termo “moderno” - próprio dos anos de 1930

Debate sobre a apresentação da arte moderna para o público, o que seria essa arte moderna, o que seria apresentado como arte moderna. Importante como o Grupo Santa Helena se coloca como artistas modernos nesse ambiente.

 

Aproximação com Novecento Italiano

Observa essas obras a partir de uma abordagem que considere:

·         a importância dessas obras para a discussão sobre arte e identidade no entreguerras, que não se baseia no conceito da união e colaboração das três raças, mas que observe a presença dos imigrantes na América do Sul;

·         incorporação da herança italiana na pintura da chamada “escola paulista” -crítica indica a presença dos artistas do Quattrocento em obras do GSH, mas não se refere ao Novecento diretamente;

·         valorização do realismo e do retorno a temas como a natureza-morta e a paisagem - (Marco Lorandi - vertente neo-cezanniana do Novecento) - Ex. Tosi.

·         obras realizadas em contraposição às linguagens das vanguardas históricas.

 

Formação e atuação de artistas italianos em São Paulo: Pennacchi, Bonadei, Rizzotti, além dos professores do Liceu: Rocco e Fonzari.


Última atualização: sexta-feira, 28 jun. 2019, 14:37