Arte, crítica e colecionismo em Turim, 1919-1931

Indicação de leitura: textos de Maria Mimita Lamberti e Pia Vivarelli para o volume “Lionello Venturi e la pittura a Torino, 1919-1931”.

Volume parte do pressuposto de que um debate sobre a arte moderna se consolida com a chegada de Lionello Venturi e Felice Casorati a Turim, bem como a partir do estabelecimento do colecionismo de Riccardo Gualino.

1912 – estabelecimento do industrial Riccardo Gualino e Mombello Monferrato, no qual reconstrói o Castello do Ceseretto para transformá lo em sua residência (projeto do arquiteto Vittorio Tornielli)

1915 – Lionello Venturi, professor na Universidade de Turim, assume a cátedra de arte medieval mas na aula inaugural fala de arte moderna.

Com ele entra o pensamento crociano no ambiente acadêmico turinês – Preocupação da evolução da arte.

Em Turim escreve o Gusto dei Primitivi.

É o primeiro autor a sistematizar as fontes bibliográficas do impressionismo.


1919, Casorati se estabelece em Turim.

Paralelos entre Riccardo Gualino e Ciccillo Matarazzo – mecenatismo.


1918 – Gualino convida Venturi como consultor para a formação de sua coleção de arte antiga.

É o primeiro a colecionar macchiaioli. Já tinha peças orientais, sentido amplo de arte antiga.

 

1920 – Casorati conhece o crítico socialista Piero Gobetti, que escreveria a primeira monografia sobre o artista em 1923. Criação da revista Rivoluzione Liberale, na qual Gobetti convida Venturi como presidente – Venturi e Casorati se conhecem.

Ano da sala especial dedicada a Paul Cézanne na Bienal de Veneza.

 

1921 – primeiros alunos de Casorati em Turim.

 

1922-1926, constituição da coleção de arte antiga de Gualino, publicação do catálogo geral organizado por Venturi

 

1924 – Bienal de Veneza: disputa de diferentes tendências do “retorno à ordem” na Itália, Armando Spadini, Felice Casorati, Ubaldo Oppi e o Novecento de Sarfatti.

Nesse ano projeto do teatrino, Casorati faz a decoração e Sartoris, o projeto.

 

1923-1929 – Casorati é convidado a expor em mostras em outras partes da Itália e fora.

 

1928 – apresentação da coleção Gualino na Galleria Sabauda em Turim.

Gualino compra 7 pinturas de Modigliani em Paris, acompanhado de Venturi (tudo indica que é quando ocorre a descoberta de Modigliani por Venturi), o Autorretrato e o Grande Nu Rosa. O 2º tem forte impacto nos jovens pintores em torno de Venturi, que virão a formar o Grupo dos Seis, e Casorati.

Sala especial de Matisse na Bienal de Veneza.

 

1927 – Edoardo Persico, crítico napolitano de vertente crociana, se estabelece em Turim até 1929. Depois vai a Milão trabalhar com Bardi e suas revistas, Belvedere e Casabella. Persico estimula o envolvimento desses artistas com as artes aplicadas, decoração de interiores, ambientes, figurino...

É conselheiro próximo desses artistas.

1929, 2ª mostra do Novecento, os Seis estão decididos a não participar, Persico os convence a usar o Novecento para mandar obras para o exterior.

 

1929 – Mostra dei Sei Pittori, Sala d’Arte Guglielmi em Turim. Início do chamado Grupo dei Sei.

Casorati não é um deles mas tem papel importante no incentivo.

 

1930 – Sala especial  dedicada a Casorati ao lado da sala especial de Modigliani na Bienal de Veneza.

Referendum da Bienal de Veneza sobre a pintura celebratória da história do fascismo – rejeitado em bloco pelos Seis. Debate pela autonomia da pesquisa estética, paisagem e natureza morta, plataforma de pesquisa autônoma para os artistas. Importante para o cenário brasileiro: defesa do grupo Santa Helena.

(São anos em que as salas especiais na Bienal de Veneza apresentam importantes artistas internacionais.)

 

1929-31 – Gruppo dei Sei realiza pelo menos 7 exposições na Itália e fora.

Segunda metade década 1930, Enrico Paolucci e Casorati organizam o espaço La Zecca em Turim, para promoção da arte moderna.

Lamberti e Vivarelli posicionam-se como antítese ao Novecento Italiano: os Seis de Turim, a Scuola di via cavour (Scuola Romana) e os italianos de Paris, por volta de 1930.

 

Casorati

Imagem: Menina sobre um tapete vermelho, efeito do sol, 1912.

Impacto da secessão vienense sobre os italianos.

 

Retrato de Anna Maria de Liso, 1918.

Ambiente fechado. Aludem a uma linguagem metafísica. Gobetti lerá essa produção na chave do primitivismo flamengo germânico.

 

Le uova sul cassettone, 1920. Gobetti vê como impacto da sala Cezanne que Casorati teria visto.

John Ruskin é um autor muito lido. A ode à ruína.

 

Rosanna ou Nu feminino, 1929. Museu Nacional de Belas Artes, Buenos Aires.

Se aproxima da linguagem de Modigliani na concepção da figura, as formas alongadas, a posição.

 

Nu inacabado, 1943, MAC USP. Emula um Casorati. Ambiente do ateliê.

Momento em que Casorati está organizando uma grande mostra na Cavallino.

Depois é chamado para fazer conferência em Pisa.

 

Francesco Menzio, Natureza morta, 1946, foge do que é a produção mais conhecida de Menzio.

Há um conjunto de obras na coleção Matarazzo que ao que tudo indica foi pego no momento da produção do artista, não foi produzido para Matarazzo.

A concha o vincula ao vocabulário metafísico. Felice Carena também usa as conchas, mas num tratamento diferente do que é a linguagem classicizante,  que o aproxima dos coloristas de Paris.

Um Menzio e 4 Casoratis são as únicas obras da escola turinesa na coleção Matarazzo.

Persico também traz o cinema para o debate da produção artística contemporânea, diz que os artistas deveriam olhar para ele. MoMA, departamento cinema, fotografia, design, arquitetura.

Reverberação disso na Bienal de São Paulo: seções de cinema, artes aplicadas, criação da Bienal do Livro.

Mas nada disso entra como debate para o Museu de Arte Moderna de São Paulo. A tradição da crítica de arte é da pintura. Para Venturi, o meio privilegiado para falar das experiências artísticas é o da pintura. Milliet, escreve sobre marginalidade da pintura.

Na formação do MAMSP, o MoMA não era aquele com esses departamentos todos. Barr é demitido em 1943. Barr trata da vanguarda italiana como conservadora.

Última atualização: sexta-feira, 21 jun. 2019, 17:00