3. Níveis de organização

Os níveis de organização biológica


Figura 1

Figura 2.1. Níveis de organização biológica.
Fonte: CEPA

Comecemos então por uma retomada do tema dos níveis de organização hierárquicos em ecologia.

Todos nós sabemos quais são os principais níveis de organização tratados na ecologia: indivíduos, populações, comunidades, ecossistemas e biosfera. Na passagem de um nível para outro emergem novas propriedades, que então caracterizam especificamente o nível superior.

  • Indivíduo: é cada organismo de determinada espécie. Os indivíduos são as entidades termodinâmicas, que efetivamente sofrem as pressões seletivas do ambiente e que interagem, trocando energia e materiais com o meio (incluindo seus compartimentos biótico e abiótico). Peso, tamanho, frequência de certos comportamentos e taxas metabólicas individuais são algumas das propriedades inerentes aos indivíduos.

    Nesta semana ficaremos mais centrados nesse nível de organização, falando primeiros dos organismos e quais fatores que influenciam a distribuição desses indivíduos e sua sobrevivência. Na sequência veremos o modo como esses organismos interagem e as propriedades das comunidades e sistemas dos quais eles fazem parte.
  • População: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie em uma comunidade, com ampla troca gênica entre si. São atributos definidos especificamente no nível de populações: a densidade populacional, as taxas de natalidade, mortalidade, imigração e emigração, a estrutura etária, os atributos individuais médios etc.

    Falaremos nas próximas semanas sobre as interações intraespecíficas (dentro de uma mesma população) e interespecíficas (entre populações distintas), além de analisar a dinâmica das populações, revendo alguns dos atributos citados acima.
  • Comunidade: corresponde ao componente biótico de um ecossistema, no qual os organismos das diversas espécies interagem, estabelecendo o fluxo energético e os passos biológicos da ciclagem de materiais. São propriedades emergentes no nível de comunidade: a diversidade, a dominância, a estabilidade, a estrutura trófica (desde sua expressão mais simples, em termos de níveis tróficos, até a própria teia alimentar e suas características específicas), a repartição espaço temporal (mosaicos, estratificação, zonações) etc.

Entraremos nesse nível de organização nas semanas 5 e 6.

  • Ecossistema: entidade definida no espaço e no tempo, onde componentes bióticos e abióticos interagem, estabelecendo um fluxo energético e uma reciclagem de matéria. A produtividade (taxa de produção de biomassa pelos organismos) é um exemplo de propriedade que só se define neste nível de organização, já que é determinada pela interação dos seres vivos com os fatores abióticos, tais como a disponibilidade de luz, de nutrientes e de água.
  • Biosfera: inclui todas as regiões da Terra habitadas por organismos. No nível da Biosfera, os grandes ecossistemas continentais e oceânicos interagem, determinando os padrões macroclimáticos globais, que por sua vez se relacionam com os de diversidade e de produtividade. Esses padrões globais são atributos ou propriedades que não se definem nos níveis de organização mais baixos.

    As últimas semanas dessa disciplina estão reservadas para se tratar desses níveis mais abrangentes de organização biológica, considerando desde o ciclo dos nutrientes até os impactos ambientais que temos causado na biosfera.