Campo científico


Os primeiros embates no campo do conhecimento científico


As narrações que ouvimos são bons exemplos de como podemos explicar o mundo à nossa volta de maneiras muito diferentes. O local onde nascemos, as ideias e as crenças de nossos familiares e amigos, as concepções expressas nos meios de comunicação, os conhecimentos vistos na escola, entre tantos outros elementos, nos ajudam a construir a maneira como vemos o mundo. Como vimos, uma criança Kaingang explica a origem da vida de forma distinta de uma criança protestante.

Mas o que há de semelhante entre essas concepções de origem da vida? Em todas elas, há um elemento sobrenatural (fora da natureza) que explica como a vida surgiu no nosso planeta. Por esse motivo, dizemos que essas três versões não fazem parte do escopo do conhecimento científico. Como já discutimos na abertura de nossa disciplina, é importante identificar quais as nossas crenças pessoais e qual a nossa posição como professores ao abordar um determinado tema científico.

A partir deste ponto de nossa aula, voltamos o foco para as discussões científicas sobre a origem da vida em nosso planeta. Não pretendemos, com isso, reforçar a ideia de que basta apresentar distintas narrtativas sobre origem da vida, de diferentes culturas, que estaremos trabalhando com ênfase no multiculturalismo. Para isso, é necessário um trabalho mais profundo e integrado a outras disciplinas. Por uma necessidade de recorte, enfocaremos as ideias científicas. Vale ressalter que, mesmo transitando apenas no campo científico, a questão é polêmica e muitas hipóteses foram e ainda são postuladas, aceitas e rejeitadas ao longo da história. Vamos fazer um breve apanhado de hipóteses importantes a fim de contextualizarmos aquela que é a mais aceita, atualmente, pela comunidade científica.

Iniciamos nossa jornada na Antiguidade, quando a teoria assumida por grandes estudiosos era a Abiogênese (do grego: a, negação; bio, vida; gênesis, origem) ou Teoria da geração espontânea. Acreditava-se que os seres vivos poderiam surgir de matéria inanimada. O próprio Aristóteles estudou a reprodução sexuada de vários animais, mas também utilizava a abiogênese para explicar o surgimento de alguns seres cuja reprodução ele desconhecia. Apenas no final do século XIX, uma nova teoria iria se consolidar: a Biogênese, segundo a qual um ser vivo só surge a partir de outro ser pré-existente. Vários pesquisadores e seus experimentos hoje considerados clássicos contribuíram para a consolidação da nova teoria. A seguir, apresentaremos resumidamente tais investigações.