7. Separação espacial e temporal dos processos de transcrição e tradução

Podemos começar com o núcleo celular, para tentarmos responder a esta pergunta. Entre outras conseqüências, a existência de um envoltório nuclear, isolando o conteúdo do núcleo do restante da célula, leva a uma separação espacial e temporal entre os fenômenos da transcrição do DNA em RNA mensageiro (RNAm), que ocorrem no interior do núcleo, e o fenômeno da tradução desse RNAm em proteína, que acontece no citoplasma, em estruturas denominadas ribossomos.

Em contraposição, na célula procariótica a síntese de RNA e sua tradução em proteína ocorrem concomitantemente (Fig. 2): os ribossomos iniciam a tradução pela extremidade 5' de uma molécula de RNA emergente, enquanto esta ainda está sendo transcrita na extremidade oposta 3'. Existe, neste caso, pouca oportunidade para que o RNA transcrito sofra qualquer tipo de alteração antes de ser traduzido em proteína.

Nas células eucarióticas, ao contrário, o RNAm pode ser extensivamente modificado no núcleo antes de seu transporte para o citoplasma onde ocorrerá sua tradução. Entre estas modificações está a retirada eventual de determinadas sequências não codificantes, denominadas de introns, o que resulta em moléculas de RNAm funcionais de tamanhos bem menores que as originalmente transcritas.

Este processamento do RNAm, seguido por um trans porte seletivo para o citoplasma, comum entre os eucariotos, representa um passo intermediário de extrema importância na transferência de informações genéticas entre o DNA e a proteína final, com conseqüências notáveis não só em termos de fisiologia celular, como também do ponto de vista evolutivo.

E com relação à compartimentalização do próprio citoplasma?