Roteiro da Semana 6

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Curso: 07 - Fisiologia e Saúde Humana
Livro: Roteiro da Semana 6
Impresso por: Usuário visitante
Data: segunda-feira, 14 out. 2024, 21:51

Descrição

Roteiro da Semana 6 do curso de Fisiologia e Saúde Humana.

Iniciando a conversa


O sistema Circulatório


O sistema circulatório é um sistema de distribuição e vigilância. O oxigênio e os nutrientes obtidos nos pulmões e no intestino são levados para os tecidos, enquanto o gás carbônico e os metabólitos são transportados para os pulmões e os rins. É através do sistema circulatório que são transportados os hormônios produzidos nas glândulas endócrinas e também as moléculas de alerta e defesa, responsáveis pela reação a agentes externos. (Figura 6.1).

Figura 6.1
Figura 6.1: Funções do sistema circulatório.
Fonte: CEPA

Este sistema é formado por um conjunto altamente complexo de transporte, que compreende os vasos sanguíneos e um sistema de bombeamento (coração); além disso, o sangue, que é o fluido dos vasos, é composto pelo plasma e por diversos tipos celulares, que apresentam uma série de funções fisiológicas.

Animação 1 - Sistema circulatório (Figura 6.2).

O plasma é a parte líquida do sangue e contém 90% de água e 10% de substâncias como proteínas e sais minerais. As substâncias que não se dissolvem em água sempre estão ligadas a outras moléculas, formando complexos mais hidrossolúveis.

Três tipos celulares auxiliam a função de distribuição e vigilância e são eles produzidos na medula óssea a partir de células-tronco hematopoiética pluripotente (figura 6.3): as hemácias (animação 2), que transportam O2 e CO2; as plaquetas (vídeo), responsáveis pelo transporte de fatores de coagulação e moléculas que reparam lesões na parede dos vasos; e os leucócitos (animação 3), células de defesa que fazem parte da defesa do organismo.

Figura 6.3

Figura 6.3: Células-tronco hematopiéticas pluripotentes.

Animação 2 - Hemácias. (Figura 6.4).

Vídeo 1 - Plaquetas e coagulação.


(Passe o ponteiro do mouse sobre a figura para visualizar as porcentagens)

Animação 3 - Leucócitos. (Figura 6.5).

O sangue circula por vasos conhecidos como artérias e veias. A ligação entre as artérias e as veias é feita pelos capilares. As artérias são os vasos que saem do coração, enquanto as veias são os que chegam ao coração. (Figura 6.6).

Animação 4 - Vasos sanguíneos. (Figura 6.6).

O sistema circulatório está dividido em sistêmico e pulmonar, sendo que a circulação sistêmica também é conhecida como grande ou periférica, e a pulmonar é também denominada pequena circulação. As artérias pulmonares saem do ventrículo direito para os pulmões, carregando sangue não oxigenado (também chamado sangue venoso). Este sangue recebe oxigênio nos pulmões e volta para o coração, através de veias pulmonares para o átrio esquerdo (circulação pulmonar). O sangue passa, então, para o ventrículo esquerdo, sendo distribuído para todo o organismo através da rede arterial. As artérias de maior calibre dividem-se em vasos de calibre cada vez menor, até chegar às arteríolas e capilares. Nos capilares, o oxigênio e outros nutrientes são passados para os tecidos, e é neste mesmo local que são recolhidos o gás carbônico e os metabólitos. O sangue continua fluindo dos capilares para as veias de pequeno calibre, conhecidas como vênulas, e estas se juntam a veias de calibre maior até chegarem às veias cava superior e inferior, que desembocam no átrio direito, carregando sangue com baixa taxa de oxigênio.

O coração (1)


Estrutura e funcionamento do coração


O coração é um órgão oco, formado por quatro câmaras e é responsável pelo bombeamento do sangue para todo o organismo. As câmaras atriais ou superiores recebem o sangue e, por isso, são chamadas átrio. As câmaras inferiores são os ventrículos, portas de saída do coração. O sangue venoso circula pelo lado direito do coração, enquanto o sangue arterial circula pelo lado esquerdo.

Animação 5 - Circulação sanguínea. (Figura 6.7).

O coração é um órgão muscular e o fato de todos os músculos que formam uma câmara se contraírem simultaneamente é muito importante para que o sangue possa circular. O ventrículo esquerdo, de onde o sangue arterial é bombeado para todo o organismo, é a câmara que tem a maior densidade muscular e, portanto, bombeia com grande força.

O músculo cardíaco é formado por células individuais, que se comunicam e se unem através dos discos intercalares. Estas regiões têm baixa resistência e facilitam a comunicação elétrica entre as células. O coração é formado por dois sincícios, o atrial e o ventricular. A comunicação entre ambos é feito através do nodo atrioventricular.

A contração do coração é regulada de forma muito eficiente. A cada contração (sístole) é seguido um período de relaxamento (diástole). Durante a sístole, o sangue sai dos ventrículos, sendo ejetado para todo o organismo. Durante a diástole, ocorre o enchimento dos átrios e dos ventrículos. O sangue nunca volta para a câmara anterior, porque existem válvulas que se fecham após o sangue passar para o compartimento seguinte. O ciclo integral é conhecido como batimento cardíaco e a sua força é tão grande que pode ser sentida em todo o organismo.

Figura 6.8
Figura 6.8: As válvulas (ou valvas) atrioventriculares, como o próprio nome diz, fazem a interface entre o átrio e o ventrículo impedindo o refluxo de sangue do ventrículo para o átrio durante a sístole.

A válvula tricúspide (possui três folhetos) está localizada entre o átrio e o ventrículo direito e válvula mitral (ou bicúspede, por possuir dois folhetos) entre o átrio e o ventrículo esquerdo.

O coração também apresenta as chamadas válvulas semilunares, aórtica e pulmonar, a primeira está localizada entre o ventrículo esquerdo e a aorta e o segundo entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar, e são responsáveis por impedir o refluxo de sangue das artérias para o coração durante a diástole, onde com o relaxamento dos ventrículos ocorre uma pressão negativa fazendo com que o sangue tente voltar para o coração.


Vídeo 3 - Sístole e diástole.

O coração tem um sistema de geração de potenciais elétricos altamente especializado, fazendo com que os impulsos sejam rítmicos e alcancem todo o coração rapidamente. Na realidade, esse sistema é formado por células musculares que não desenvolveram a capacidade de se contrair, mas que geram potenciais elétricos. Essas células estão localizadas no nodo sinoatrial (NSA), nodo atrioventricular (NAV) e nas fibras de Hiss-Purkinje (Animação 6) . O potencial de membrana dessas células é muito instável e elas começam a se despolarizar assim que atingem o potencial diastólico máximo. Quando essa despolarização atinge o potencial limiar, é gerado o potencial de ação, que é transmitido para as células musculares comuns localizadas na vizinhança. Como todas as células cardíacas se comunicam, esse potencial elétrico propaga-se rapidamente.

Animação 6 - Transmissão do impulso cardíaco. (Figura 6.9).

Existem dois fatos importantes para que o coração seja uma bomba sincronizada com tanta maestria. O primeiro fato diz respeito ao nodo sinoatrial, que é localizado na parede do átrio direito e tem uma frequência de disparo maior que todos os demais componentes do sistema excitatório cardíaco. Dessa forma, o estímulo que chega do NSA alcança o NAV e o feixe de Hiss-Purkinje antes que as células destes possam disparar o potencial de ação. Portanto, o NSA é o comandante e ele é chamado marca-passo.

O outro fato muito importante é a ocorrência de um retardo na condução do potencial de ação do átrio para o ventrículo, que permite que o átrio se contraia 0,04 segundos antes do ventrículo e, com isto, há tempo suficiente para que todo o sangue do átrio passe para o ventrículo. O retardo atrioventricular ocorre porque as células do NAV são menores que as demais células cardíacas, além de terem uma baixa quantidade de junções comunicantes.

Quando o potencial de ação passa o NAV e atinge as fibras de Hiss-Purkinje, ele é rapidamente distribuído para as duas câmaras ventriculares, fazendo com que o músculo bata de forma única e exerça a força necessária para expulsar o sangue do coração.

Portanto, o coração pode bater de forma independente de qualquer estímulo externo. O sistema nervoso autonômico regula a função cardíaca, mas não é capaz de iniciar os batimentos do coração.

O sistema nervoso parassimpático, através do nervo vago, projeta-se diretamente sobre os nodos, enquanto o sistema nervoso simpático inerva todo o coração. A acetilcolina liberada pelo vago promove a desaceleração cardíaca por reduzir a frequência do marca-passo. Essa desaceleração, quando é muito acentuada, pode resultar em uma diminuição da força de contração.

Por outro lado, a noradrenalina, que é o neurotransmissor do sistema nervoso simpático, ou a adrenalina, que é o hormônio circulante liberado pela medula da adrenal, induz a aceleração do coração e o aumento da força de contração.

O coração (2)


O papel do sistema Nervoso


Esse balanço entre simpático e parassimpático não pode ser considerado uma soma algébrica, porque o parassimpático inerva principalmente os nodos. Assim, uma estimulação simpática ou uma injeção de adrenalina seguida a uma estimulação parassimpática pode fazer com que o marca-passo perca a sua função e apareçam vários focos de geração de potencial de ação nas fibras de Hiss-Purkinge. Essa arritmia leva à contração dessincronizada do músculo cardíaco e dificulta ou, mesmo, impede a ejeção de sangue. Essa arritmia é conhecida como síncope branca.

Outro ponto importante a considerar é o fato de que podemos controlar o nosso coração através de reflexos muito comuns. Muitas vezes, vemos pessoas colocarem os pulsos sobre os olhos e fazerem uma pequena pressão. Isto é feito em situações de estresse e nervosismo. Essa manobra é apenas um reflexo para aquietar o coração. Por trás do globo ocular corre o nervo vago, que, ao ser pressionado, é estimulado e leva a uma redução da frequência cardíaca.

O trabalho cardíaco é ejetar o sangue para o organismo e a eficiência cardíaca pode ser medida pela relação entre o sangue ejetado e a energia consumida. O ventrículo direito consome cerca de seis vezes menos energia que o ventrículo esquerdo, porque ejeta seis vezes menos sangue por batida. A energia cardíaca vem através do ATP, molécula produzida durante o processo de respiração celular. O coração é alimentado através da circulação coronariana e, quando uma pessoa está em repouso, consome cerca de 96% do oxigênio que entra pela artéria coronariana. Então, para que haja aumento da quantidade de energia disponível para a vida normal e para os exercícios, há necessidade de aumentar o fluxo de sangue pelo coração. Portanto, o entupimento das coronárias leva a uma perda da função cardíaca.

Um fator essencial


A pressão arterial


A pressão arterial é uma função do débito cardíaco, contração das arteríolas e volemia. É a diferença entre a pressão máxima (sistólica) e a pressão mínima (diastólica) que assegura que o sangue flua dos vasos para os tecidos. Costuma-se dizer que, em um adulto normal, a pressão é de 120/80 mm Hg, mas este é um valor médio, que apresenta variação entre as diferentes pessoas e, no mesmo indivíduo, varia ao longo das 24 horas. O pico pressórico ocorre ao acordar e a menor pressão é observada à noite.

A pressão sanguínea normal varia ao longo dos diferentes segmentos do sistema circulatório. A pressão na aorta, artéria que sai do coração, é máxima e o principal diferencial ocorre entre as pequenas artérias e os capilares [figura 6.10]. Portanto, é a contração das arteríolas que pode aumentar a dificuldade de o sangue atingir os capilares. Quando o diferencial entre a pressão máxima e a pressão mínima é muito reduzido, há dificuldade na troca de substâncias através dos capilares.

Figura 6.10
Figura 6.10: Pressão arterial em diversas porções do sistema circulatório com a pessoa na posição horizontal.

A pressão arterial é ainda mais importante se levarmos em conta que o fluxo sanguíneo para diferentes partes do corpo tem de atender as demandas do organismo, conforme a necessidade de cada tecido; por exemplo, durante uma corrida, o organismo tem de promover um grande aumento no fluxo sanguíneo para regiões musculares que estão altamente ativas, como os músculos da perna neste caso. Portanto, não é possível somente aumentar o fluxo geral neste caso; para tanto, os microvasos de cada tecido monitoram continuamente as necessidades teciduais locais e, assim, regulam a quantidade necessária para manter o funcionamento adequado do tecido.

A regulação da pressão arterial é um sistema altamente complexo, que envolve respostas diretas do coração (aumento ou diminuição do bombeamento de sangue) e das artérias (vasoconstrição ou vasodilatação) mediadas pelo sistema nervoso autônomo.

 

Animação 7 - Sistema nervoso autônomo. (Figura 6.11).

O controle do volume de líquido que é contido pelo sistema circulatório também é muito importante para a manutenção da pressão arterial. Hemorragias ou perdas de líquido para os tecidos podem levar à diminuição da pressão arterial. Em condições normais, o controle da perda de líquidos pelo rim é de extrema importância. Isso explica por que os diuréticos (medicamentos que levam a um aumento da excreção renal) são anti-hipertensivos de grande importância.

Figura 6.10: Pressão arterial em diversas porções do sistema circulatório com a pessoa na posição horizontal.

O sistema linfático


A limpeza do organismo


O sistema linfático é um sistema de limpeza do organismo, responsável pela retirada do excesso de líquido, proteínas, detritos celulares e outros materiais dos espaços teciduais. Os capilares são capazes de reabsorver a maior parte das substâncias que extravasam para os tecidos. Apenas 10% destas é captado pelos vasos linfáticos. A quantidade de linfa formada por dia é de 2 a 3 litros.

Uma vez dentro dos vasos, o líquido resultante é denominado linfa. Praticamente todas as partes do corpo contêm vasos linfáticos e mesmo os vasos linfáticos inferiores mais periféricos levam a sua linfa, passando pelo canal torácico, até a veia subclávia e a jugular interna na região próxima ao pescoço, liberando a linfa no sangue venoso.

Figura 6.12
Figura 6.12: Esquema de vasos linfáticos.

Os vasos linfáticos têm uma estrutura anatômica especial, o que permite que as moléculas de alto peso molecular possam ser captadas do líquido intersticial, e esta é a única maneira de retirar essas moléculas que, devido ao seu grande tamanho, são impedidas de passar pelos capilares sanguíneos.

Figura 6.13
Figura 6.13: Vasos linfáticos.

O sistema linfático também é um dos responsáveis pela absorção dos nutrientes oriundos do sistema digestório, sendo a principal via para a captação de gordura.

[Vídeo] - Sistema circulatório


Sistema circulatório


Vídeo 4 - Sistema circulatório

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