Roteiro da Semana 5

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Curso: 07 -Terra e Educação em Ciências
Livro: Roteiro da Semana 5
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Data: sexta-feira, 3 mai. 2024, 23:24

Descrição

Roteiro da semana 5 do Curso de Terra e Educação em Ciências

Apresentação da aula


O tempo geológico


Imagem de abertura de texto - semana 5


A geologia, sendo uma ciência histórica, tem o tempo como um de seus conceitos básicos. O tempo geológico é importante para compreender os processos de transformação que ocorreram na crosta terrestre.

Como destacado por PEDRINACI (1993), dos conteúdos que integram os currículos de ciência da natureza na educação básica, o conceito de tempo geológico é o que apresenta maiores dificuldades de aprendizagem, devido à sua complexidade e aos princípios que o fundamentam. Alguns estudos revelam que os alunos de geologia no ensino médio (em países como a Espanha, onde há a disciplina de geologia nessa etapa de ensino) não modificam sensivelmente sua percepção sobre o tempo geológico.

Como abordar o conceito de tempo geológico no ensino fundamental? A História das Ciências apresenta-se como um instrumental importante para compreendermos a complexidade de determinados conceitos, os obstáculos epistemológicos para a sua apreensão e as dificuldades de compreensão que os alunos possam apresentar. A análise sobre a construção do conhecimento geocientífico pode apontar para orientações relevantes sobre o modo de abordar as dificuldades, sugerindo-nos o uso de conceitos-chave e a necessidade de introduzir novas metodologias de ensino que tornem o aprendizado mais efetivo.

A construção histórica do tempo é um fator abstrato e depende da sociedade que o constrói. Cada área do conhecimento estuda algumas dimensões, que variam desde segundos até bilhões de anos. As ciências ambientais estão incorporando cada vez mais, em suas análises, a dimensão tempo em diversas escalas: seja o tempo geológico, para determinar as transformações ocorridas nas esferas inanimadas e animadas da Terra, seja a história de curta duração, que se ocupa das grandes mudanças realizadas nos últimos tempos.

[Atividade] - Fórum


Fórum - semana 5



t Para acessar a atividade, clique aqui.

Tempo geológico

Conceito do tempo geológico

 

Assista ao filme Das Rad, que trata das relações temporais entre a humanidade e as rochas.

Concebemos a análise e interpretação do filme para explicitar algumas questões importantes sobre o tempo geológico no ensino fundamental. Para isso, seguimos algumas orientações fornecidas por PEDRINACI (1993)1 . Para o autor, o conceito de tempo geológico apresenta os seguintes aspectos, que são imprescindíveis para o seu entendimento e estão ligados à construção do conhecimento geológico:

  • O entendimento do conceito de tempo geológico associado a processos de transformações geológicas;
  • Documentos das transformações;
  • Sucessão causal;
  • Cronologia;
  • Tempo geológico e o conceito de transformação;



1 O texto apresentado aqui é uma adaptação do texto de Pedrinaci (1993), salvo quando há citações explícitas a outros autores.

Tempo e processos geológicos


O entendimento do conceito de tempo geológico
associado a processos de transformações geológicas


O conceito de transformação ou mudança há muito se relaciona com o tempo e, por isso, hoje quase não conseguimos conceber o tempo através da fixidez ou de formas imutáveis. Mas a criação do conceito de tempo associado ao de transformação foi uma revolução paradigmática muito importante e é essencial para compreendermos o conceito atual de tempo geológico e algumas resistências dos alunos.

Na Grécia antiga, as concepções dominantes sobre o mundo e a sociedade não tinham a conotação de mudança. Os historiadores não explicavam o presente em associação com o passado, como uma sucessão de fatos. Homero, historiador grego, tratou seus personagens históricos não em uma cronologia, mas muito mais próximos de uma função comemorativa. O sentido de história para os gregos se associava à função de visualização ou de apreensão da realidade e sua posterior descrição.

Essas concepções estavam associadas à visão de mundo da época. Aristóteles pensava num mundo eterno, cíclico, sem uma origem temporal no passado. Assim, a História Natural se referia apenas à descrição dos seres naturais (animais, vegetais e minerais) e as suas características que poderiam ser observadas.

Essa não era, porém, a única interpretação possível durante a Antiguidade, e alguns filósofos idealizavam a natureza de uma forma mais dinâmica, que pressupunha a transformação.

A interpretação cristã sobre a natureza também era estática. De acordo com a interpretação do livro Gênesis, Deus criou a Terra, os animais, vegetais, os rios, mares, rochas e o homem. Se a Terra é uma criação divina, então ela é perfeita e não há transformação, conceito normalmente associado à corrupção, à degeneração.

O primeiro autor a indicar mudanças no conceito de história foi o cardeal Nicolas de Cuno no Concílio de Basileia (1430). Esse autor argumentava a favor de uma sociedade em transformação contínua. Se a sociedade se transforma, cada momento histórico terá suas identidades que as diferenciarão de outros momentos.

Se pensarmos esse conceito de história em termos geológicos, imaginaremos que cada período geológico é susceptível de ser caracterizado, diferenciando-o dos anteriores e posteriores. Mas esse conceito só foi aceito a partir do início do século XIX, como vamos explicitar posteriormente. Até aquele momento, a interpretação do planeta Terra como dinâmico e com transformações constantes colocava em xeque a interpretação bíblica e todo o dogma cristão.



Documentos das transformações


Tempo geológico e os documentos sobre a transformação


Para reconstruir o passado da Terra, não só é necessário que ocorram transformações, mas a dinâmica terrestre deve deixar marcas ou evidências dessas mudanças. Essas marcas seriam as formas fixadas, que já comentamos anteriormente. Em termos históricos, deve haver uma constância documental para compreendermos os processos de transformação.

O primeiro a interpretar os documentos relativos às transformações geológicas foi Nicolas Steno, na obra Prodomus, de 1669. Esse médico e naturalista criou o conceito de Estrato como antigos depósitos de sedimentos acumulados pouco a pouco, e neles se depositavam os “restos parecidos a corpos de animais”, ou seja, os fósseis. Nessa interpretação, os estratos são documentos ou arquivos que nos falam do passado. Para Steno, através da interpretação dos arquivos históricos (estratos e fósseis), pode-se reconstituir a história geológica de um local.

Essa foi uma transformação essencial no pensamento geológico e possibilitou a criação de um conceito estruturante da geologia. Se as rochas passaram a ser interpretadas como documentos que contêm, em seu interior, informações e condições sobre o momento em que se originaram, o trabalho do geólogo é encontrar elementos de interpretação, critérios e técnicas que permitam inferir as condições e o momento da formação.

Sucessão causal


Tempo geológico e sucessão causal


Para que seja possível reconstruir o passado geológico, não basta apenas que ocorram mudanças e que estas deixem marcas. É necessário existir uma lógica interna que permita sequenciar os processos, estabelecendo uma ordem na sucessão temporal.

Steno descreveu a formação dos estratos como um processo histórico em que a ordem de superposição nos indica a sequência da formação. Assim, Steno formulou mais uma hipótese: as rochas não datam do momento em que a Terra se originou, mas está em constante formação. Umas serão mais antigas que outras, o que torna possível sequenciá-las de acordo com critérios espaço-temporais (os critérios de superposição, continuidade e de horizontalidade dos estratos). Esses princípios determinaram, posteriormente, a criação da cronologia relativa.

As transformações terrestres permitem caracterizar cada uma das fases do passado terrestre e condiciona o tipo de material que se origina, de modo que possa identificar e sequenciar seu processo de formação.

Cronologia


Tempo geológico e o conceito de transformação


Os aspectos cronológicos apresentam uma relação mais evidente com o conceito de tempo geológico e está relacionado à quantificação da idade dos eventos geológicos.

O primeiro autor a avaliar uma idade para a formação da Terra foi o arcebispo James Ussher, em 1650. Através da interpretação do livro do Gênesis e da sucessão de gerações, Ussher concluiu que a criação do mundo teria ocorrido às 9 horas do dia 23 de outubro do ano 4004 a.C. Assim, o Gênesis tornou-se a chave para a interpretação do passado terrestre. De acordo com a interpretação bíblica, Deus criou a Terra e, no sexto dia, criou o homem. Assim, a história da Terra coincidia com a história do homem.

A partir da segunda metade do século XVIII começaram a aparecer controvérsias mais acirradas com relação à idade da Terra e algumas interpretações e métodos que demonstrassem que a Terra teria mais que 6.000 anos, como afirmava Ussher. Mas foi somente em meados do século XIX que surgiu a necessidade de criação de métodos de datação da Terra com maior precisão.

Atualmente, o tempo geológico pode ser medido através de técnicas relativas ou absolutas. A primeira pode ser determinada através da estratigrafia e pela paleontologia e a segunda, por métodos geocronológicos, utilizando conceitos da radioatividade. No ensino fundamental, abordamos apenas as técnicas de datação relativa.

[Atividade] - Questionário


Questionário - semana 5


!!! Questionário - Responda as questões propostas.

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Semana 5


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