Por que estudar a História da Arqueologia?
Bruce Trigger no livro História do Pensamento Arqueológico, pp.4-12 (anexo segue o pdf do capítulo para referência) aponta algumas considerações acerca da importância de se fazer a história de uma disciplina.
Nessas sistematizações, Trigger aponta as possíveis abordagens da natureza e do significado da História do Pensamento Arqueológico, ou seja, como devemos entender o desenvolvimento do nosso corpo teórico e interpretativo.
Sistematizações:
1. A Arqueologia se desenvolveu com base na ideia de revoluções científicas (cf. formulada por T. Khun), de maneira evolucionista. Fases sucessivas no desenvolvimento da teoria arqueológica podem ser classificadas como paradigmas. A substituição de um paradigma por outro pode ser vista como uma revolução científica. Inovadores como C. Thomson e L. Binford seriam os motores na criação dos novos paradigmas.
2. As ciências não vivenciam revoluções, mas sim mudanças ou progressões graduais. Assim, a História da Arqueologia envolve um crescimento cumulativo de conhecimento. Sem mudanças radicais ou abruptas. O desenvolvimento da Arqueologia é unilinear e inevitável. O Banco de Dados está em constante expansão e novas interpretações são elaborações graduais, refinamentos e modificações de um corpus teórico já existente.
3. O desenvolvimento da Teoria Arqueológica é um processo não-linear e frequentemente imprevisível. As mudanças ocorrem a partir de novas ideais a respeito do comportamento humano e não a partir do crescimento dos dados. Essas ideias são formuladas em outros campos das Ciências Sociais e podem refletir valores sociais sujeitos a flutuações de popularidade.
4. Os interesses e os conceitos da Arqueologia não se modificam significativamente de um período para o outro. Um antiguidade impressionante pode ser percebida em algumas ideias que aparecem, hoje, como modernas.
5. Mesmo não mudando significativamente, os pesos dados a certas propostas interpretativas variam de acordo com o enquadramento conceitual sobre o qual são aplicados. Estes, sim, mudam ao longo do tempo.
6. Uma característica essencial da interpretação arqueológica é sua diversidade regional. A História da Arqueologia seria uma história de "escolas regionais".
7. A maior parte do arcabouço interpretativo da Arqueologia, dentro de quadros nacionais distintos, pode ser atribuído a um número limitado de orientações generalistas: colonialista, nacionalista e imperialista.
8. A interpretação arqueológica caminhou junto às trocas intelectuais dos séculos XIX e XX e se submete à crescente especialização da área.
- 23 julho 2018, 17:48 PM