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  • Tema: O período operatório concreto

    Leitura: PIAGET, J. A infância de sete a doze anos. In: PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. 25a ed. Rio de Janeiro: Forence Universitária, 2015, p. 34-54. Descarregue seu texto AQUI.


    Período Operatório Concreto

    Este período do desenvolvimento cognitivo inicia-se aos 7-8 anos e termina por volta dos 11 anos de idade. A criança atinge uma forma superior de equilíbrio que as intuições, tratam-se das operações.  Operações são, portanto, ações interiorizadas e coordenadas que supõem reunir (pelas semelhanças), dissociar e ordenar (pelas diferenças) e reversíveis, isto é, passiveis de volta ao ponto de partida. 

    "Existem operações lógicas, como as que compuseram um sistema de conceitos ou classes (reunião de indivíduos) ou de relações; operações aritméticas (adição, multiplicação etc.), e seus inversos; operações geométricas (seções, deslocamentos, etc.); temporais (seriação dos acontecimentos, e, portanto, de suas sucessões, e simultaneidade de intervalos), mecânicas, físicas, etc. "(PIAGET, 1964, p. 51).

    Porém, a limitação desse estágio é a necessidade da presença do concreto, ou seja, a criança necessita dos objetos para poder raciocinar. As estruturas cognitivas que se formam a partir do período operatório correspondem à construção dos conceitos de conservação. A conservação prevê a possibilidade de volta ao início, com argumentos não somente intuitivos (identidade), mas de reversibilidade ou reciprocidade. Piaget propõe provas de diagnóstico operatório que possibilitam investigar a noção de conservação das quantidades discretas e da conservação de peso e líquido.

    As ações tornam-se operatórias quando a criança pode realizar ações como: reunião de objetos, segundo suas classes, alcançando a noção de inclusão de classes. Tratam-se das operações de classificação. As operações de seriação por sua vez, se referem à ação de organizar os objetos segundo suas diferenças, ou seja, em relação aos comprimentos ou tamanhos dependentes dos objetos. 

    "Uma conclusão geral impõem-se: o pensamento infantil só se torna lógico por meio da organização de sistemas operações, que obedecem às leis de conjuntos comuns. 1º Composição: duas operações de um conjunto podem-se compor entre si e dar ainda uma operação de conjunto (Exemplo: 1+1=2). 2º Reversibilidade: toda operação pode ser invertida (Exemplo: +1 inverte-se em -1). 3º A operação direta e seu inverso dão uma operação nula ou idêntica (Exemplo: +1-1=0). 4º As operações podem-se associar em todas as maneiras "(PIAGET, 1964, p. 55).

    Em algumas das relações (seriação e classificação) apontadas anteriormente por Piaget, existem algumas particularidades devidas ao fato de que uma classe ou relação adicionada a ela mesma não se modifica, portanto, pode-se falar nesse período em “agrupamento”, noção mais elementar que a de “grupo”, como tais estruturas lógicas apresentadas na citação, são chamadas pelos matemáticos. Segundo Piaget (1964), estes agrupamentos são considerados como modelos de cognição em muitas áreas da realização intelectual, isto porque, descrevem a organização das operações lógicas propriamente ditas, ou seja, das operações que se referem a classes e relações de classes.

    Além disso, estes agrupamentos também se aplicam à organização das operações infra-lógicas, as quais são descritas pelo autor como ações cognitivas que se referem às relações de posição e de distância e as relações entre as partes e o todo em configurações ou objetos espaço-temporais concretos. Portanto, no período operatório concreto, a organização conceitual da criança sobre o ambiente circundante torna-se lentamente estável e coerente, isto, em virtude da formação dessa série de estruturas cognitivas chamadas de agrupamentos (INHELDER; BOVET; SINCLAIR, 1977).