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  • Aula SNS - Profa Soraia 2/10/19

  • Introdução ao Sistema Nervoso Simpático

    As catecolaminas endógenas norepinefrina, epinefrina e dopamina (e outras substâncias sintéticas) formam uma classe importante de neurotransmissores (NT) e hormônios. Ao ativar os receptores adrenérgicos essas substâncias químicas promovem alterações em diversas funções fisiológicas na periferia e no SNC. Assim, agonistas e antagonistas sintéticos desses neurotransmissores representam uma classe importante de fármacos com amplo espectro de ação. Os agonistas adrenérgicos são também conhecidos como simpatomiméticos, pois mimetizam as ações das catecolaminas nos seus receptores. Outros agentes podem regular a atividade do Sistema Nervoso Simpático. Esses compostos possuem diversas ações terapêuticas na clinica médica, como agentes terapêuticos ou para testes de diagnóstico ou coadjuvantes. Por exemplo, associado ao anestésico local, a adrenalina atua como vasoconstritor, auxiliando na restrição da anestesia local. 

    O Sistema Nervoso compreende o sistema nervoso central (SNC: cérebro e medula espinhal) e periférico (SNP: tecidos neuronais fora do SNC). Do ponto de vista funcional, o SNP é subdividido em somático (ou voluntário) e autônomo (ou involuntário). O SNA é muito independente (dai o nome autônomo) e suas atividades não estão sob controle consciente direto. Ex.: atividade das funções viscerais (ex.: débito). Em contrapartida, a função eferente somática está associada a um controle consciente. (ex.: movimento, postura e respiração).

    Do ponto de vista fisiológico, o sistema nervoso autônomo juntamente com o sistema endócrino são os principais responsáveis pela manutenção da homeostase, e ambos também regulam e coordenam os diversos sistemas: respiratório, gastrointestinal, renal, reprodutivo e metabólico, sendo que o PS possui papel principal no controle cardíaco. Mais recentemente, evidências mostram que o SNA também controla o sistema imunológico. As funções eferentes do SNA são bem mais conhecidas do que as funções aferentes. De fato, a maioria dos fármacos disponível na clínica afetam a função eferente do SNA.

    Bons estudos!


  • RESENHA - CONTEÚDO SNS

    ADRENÉRGICOS

    O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) divide-se em simpático (S) e parassimpático (PS) e cuja transmissão da informação entre neurônios/neurônios e órgãos efetores ocorre por meio de mediadores químicos, em um processo denominado neurotransmissão. Na divisão do Sistema Nervoso Simpático (SNS), esse processo ocorre por meio das fibras nervosas pré- e pós-ganglionares, que emergem da região tóracolombar (Figura 1). Um nervo simpático pré-ganglionar libera acetilcolina (ACh), a qual atua nos receptores nicotínicos dos gânglios das fibras nervosas. Em geral, os nervos pós-ganglionares do SNS liberam noradrenalina (NA) na junção neuroefetora, que é a sinapse entre o nervo e o órgão. Existem algumas exceções em que o transmissor liberado dos neurônios pós-ganglionares da divisão simpática (Sinapse neuroefetora) não é NA, mas sim ACh, que atuará nos receptores muscarínicos na união neuroefetora. Por exemplo, os nervos simpáticos colinérgicos que inervam as glândulas sudoríparas. Outra diferença podemos observar na sinapse entre os neurônios pré-ganglionares do SNS que inervam as células cromafins da medular suprarrenal, que estimuladas liberam Adrenalina (Adr) e uma pequena concentração de NA na corrente circulatória. Na sinapse neuroefetora, a NA irá interagir com receptores alfa e beta adrenérgicos.

    O processo químico que possibilita a comunicação entre neurônios autonômicos e entre estes e as células efetoras é denominado neurotransmissão . Fig.1. Desenho esquemático do Sistema Nervoso Autôomo (SNA), destacando (pontilhado) a divisão do SNS, mostrando os tipos de fibras, transmissores, as sinapses e os neurotransmissores e tipos de receptores nas sinapses gangliores e neuroefetoras. Adaptado:   Fig.1. Desenho esquemático do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), destacando (pontilhado) a divisão do SNS, mostrando os tipos de fibras, transmissores, as sinapses e os neurotransmissores e tipos de receptores nas sinapses gangliores e neuroefetoras. Adaptado:

     Síntese das catecolaminas

    As etapas de síntese das catecolaminas envolvem várias enzimas, sendo que algumas delas servem como alvo de ação de fármacos (Figura 2). O substrato inicial da síntese das catecolaminas é o aminoácido fenilalanina e tirosina, proveniente da dieta. A fenilalanina, que sofre a ação de uma hidroxilase plasmática dando origem à tirosina, que adentra a terminação nervosa simpática com o auxílio de transportador específico. No citoplasma da célula nervosa, a tirosina será hidroxilada por ação enzimática da Tirosina hidroxilase em Dopa que, subsequentemente, sofrerá ação de outra enzima (Dopa descarboxilase), resultando em Dopamina (Figura 2).  A dopamina é captada pelas vesículas de armazenamento, onde finalmente ocorre a conversão da Dopamina para NA. Toda essa transformação acontece no axoplasma do neurônio. A dopamina formada é transportada (via transporte ativo) para o interior dos grânulos. ESTA É UMA ETAPA IMPORTANTE E ESSENCIAL na síntese da NA. A dopamina é também armazenada/estocada em grânulos nas terminações nervosas dopaminérgicas do SNC e nas células cromafins do intestino. A conversão de NA a adrenalina não se efetua nos axônios adrenérgicos, SOMENTE nas células cromafins da medular suprarrenal que armazenam Adrenalina. Nas células cromafins, a NA formada no citoplasma é transportada para vesículas e transformada em adrenalina, pela ação da enzima feniletanolamina n-metiltransferase armazenada no interior dessas vesículas. Essa enzima requer como doador de radical metila a S-adenosilmetionina e é encontrada principalmente na medula da suprarrenal e em certas partes do cérebro, onde a adrenalina parece atuar como neurotransmissor. 

     Fig. 2 Biossíntese e metabolismo das catecolaminasFig. 2. Esquema ilustrativo da biossíntese, armazenamento, liberação das catecolaminas.O substrato inicial de formação das catecolaminas é captado da circulação pelos neurôníos noradrenérgicos e pelas células cromafins na medula da suprarrenal. Adaptada: arquivo pessoal (Cerqueira et al., 2020).

     O estoque e armazenamento das catecolaminas (NA e Ad) nessas varicosidades é controlado fisiologicamente de acordo com a regulação da liberação e metabolismo intraneuronal destas. Nos neurônios o metabolismo das catecolaminas também assegura o controle do estoque das catecolaminas.

    Quando estimulado eletricamente, o nervo simpático libera uma parte do conteudo granular de NA, o qual vai estimular adrenoceptores localizados na membrana das células efetoras (pós sinapse) e também na membrana pré-sináptica dos neurônios (receptores alfa2). A ativação dos receptores alfa2 inibe a liberação de NA, atuando como um mecanismo de retroalimentação negativa. Dessa forma, a liberação de NA pode ser controlada.

    As catecolaminas liberadas sofrem processo de recaptação pela própria terminação nervosa (captação neuronal) ou pelo tecido efetor (captação extraneuronal). Parte da NA captada é inativada por duas enzimas: monoaminoxidase (MAO) e a catecol-O-metiltransferase (COMT). A COMT está presente no citoplasma das células efetoras, transforma a NE em normetanefrina, enquanto a MAO, presente nas mitocôndrias de nervos e células efetoras, transforma a NA em ác diidroximandélico.

    O efeito da NA e Adrenalina liberadas desaparece em poucos minuttos. Pelo menos 90 % da NA é transportada (TNE) de volta para o axoplasma por mecanismo de Transporte de NA (TNA) e dali, é transportada para dentro da vesícula de armazenamento pela ação do transportador vesicular (TVMA) (Capatação neuronal). Além disso, a NA pode ser removida da fenda sinaptica via transportador extraneuronal de monoamina para dentro da célula efetora (TEM).

    Todas essas etapas enzimáticas e de interação das catecolaminas com seus receptores são potenciais alvos de ação de fármacos. 

     Classificação dos receptores e mecanismos molecular

    Os a-adrenoceptores têm alta sensibilidade à adrenalina e NA e são praticamente insensíveis ao isoproterenol, enquanto que os b-adrenoceptores têm alta sensibilidade ao fármaco isoproterenol e são mais sensíveis à adrenalina que à noradrenalina. Os a-adrenoceptores foram subclassificados em a1 e a2. Essa distinção inicial foi baseada em considerações anatômicas e funcionais. Observou-se que a NA era capaz de inibir sua própria liberação atuando sobre a terminação nervosa em receptores a2.

    Outros agentes capazes de bloquear os efeitos das catecolaminas foram descritos e denominados antagonistas que bloqueiam os efeitos das catecolaminas, os quais permitiram diferenciar não somente os receptores a e b, mas também definir os subtipos desses receptores. Estabeleceu-se então que os receptores a e b-adrenérgicos não são homogêneos e, a partir de estudos iniciados por Lands e cols., várias subclasses de receptores e afinidades distintas para as catecolaminas foram definidas (Tabela 1). Com isto, ficou claro que a NA difere da Adr  por sua alta afinidade pelos receptores a e baixa afinidade pelos rec b2. O inverso é válido para catecolamina sintética isoprenalina/isoproterenol. As Tabelas 1 (A, B e C) ilusram os subtipos dos receptores a / b. Os receptores alfa adr possuem duas classes e três subtipos. Da mesm forma, os receptores beta podem ser subclassificados em  beta1 (p. ex. miocárdio) e beta2 (músculo liso e outros tecidos) e beta3 caracterizado no tecido adiposo de roedores e humanos. A existência de um quarto subtipo de adrenoceptor-beta4 foi revelada no tecido adiposo e cardíaco, mas a significância biológica de tais receptores ainda é pouco conhecida.

    Tabela 1 (A, B e C). Há varias décadas, subtipos dos receptores a e b foram descritos, conforme ilustram as tabelas acima. Os receptores alfa adr possuem duas classes e três subtipos. Da mesm forma, os receptores beta podem ser subclassificados em  b1 b2 b3 e b4.

     Vias de sinalização

     Os receptores adrenérgicos são receptores metabotrópicos (vide aula SNA introdução e farmacodinâmica). Eles estão presentes nas membranas celulares e possuem mecanismo molecular dependente da arivação de subtipos de proteias G, no caso dos receptores alfa 1, proteína Gq, e do receptor alfa2, proteína Gi. Os subtipos Beta são todos regulados pela proteína Gs. Quando ativada, a proteína G vai estimular ou inibir uma enzima efetora (PLC, AC) que, por sua vez, atiará segundos mensageiros (ex.: IP3, DAG etc.; Figura 3).

     A liberação de segundos mensageiros irá desencadear várias rspostas nos tecidos. Por exemplo, nos vasos e  coração (Fig. 4).

     Receptores e subtipos


    Tabelas 1, 2 e 3: Receptores e subtipos



    Vias de sinalização

     No coração, exemplificando a ação das catecolaminas no coração, que expressa muito mais receptores beta 1, observa-se um aumento importante, por meio do aumento dos níveis do segundo mensageiro AMPc, todas as funções cardíacas: FC, força de contração, velocidade de encurtamento das fibras, condutibilidade e excitabilidade. Nas células de marca-passo são estimulados canais ativados por AMPc (canais marca-passo), pelas quais a despolarização diastólica é acelerada e o limiar de disparo de potencial de ação é alcançado mais rapidamente. O AMPc também ativa a proteina cinase A, que fosforila diversas proteinas transportadoras de cálcio. Dessa forma, a contração das células musculares cardicas é aumentada à medida que mais cálcio entra na célula proveniente de estoques extracel via canais de cálcio do tipo L e, assim, mais cálcio é liberado do retículo sarcoplasmático via receptores rianodina. O relaxamento mais rápido das células musc cardica é afetado pela fosforilação da troponina e fosfolambano, que ativa a ca-ATPase

     FÁRMACOS ADRENÉRGICOS E ANTIADRENÉRGICOS

     Os fármacos que imitam total ou parcialmente os efeitos da estimulação nervosa simpática sobre os órgãos efetores são denominados adrenérgicos ou simpatomiméticos. Em contrapartida, aquelas que reduzem ou abolem os efeitos da estimulação simpática, bem como de fármacos adrenérgicos, são designadas antiadrenérgicos ou simpatolíticos.

     I- FÁRMACOS ADRENÉRGICOS

     As catecolaminas endógenas noradrenalina, adrenalina e dopamina podem ser muitas vezes utilizadas como fármacos; todavia, terapeuticamente são mais comuns os empregos dos análogos estruturais dessas catecolaminas. Tais compostos apresentam como vantagens terapêuticas biodisponibilidade oral, aumento do tempo de ação e especificidade/seletividade por subtipos de receptores adrenérgicos, o que determina o aumento de suas atividades terapêuticas e a diminuição de seus efeitos adversos potenciais.

    Os fármacos adrenérgicos podem ser classificados, com base no mecanismo de ação, em (Fig 8):


    1.       Fármacos de ação direta (nos rec alfa e beta);

    2.       Fármacos de ação indireta (atuam inibindo o transporte (captçãao) ou metabolismo das catecolaminas;

    3.       Farmácos de ação mista

    Figura 8. Mecanismo de ação dos fármacos adrenérgicos. Os fármacos adrenérgicos podem atuar diretamente nos receptores (p. ex. noradrenalina, adrenalina e isoproterenol), indiretamente, promovendo a liberação de noradrenalina da terminação nervosa (p. ex., tiramina).

    Os efeitos cardiovasculares de agonistas diretos, noradrenalina (α, β1), adrenalina (α, β1, β2) e isoproterenol (β1, β2) são representados no esquema abaixo, o qual ilustra as ações da administração intravenosa de noradrenalina, adrenalina e isoproterenol no homem. A noradrenalina (1) provoca vasoconstrição e elevação da pressão sistólica e diastólica (PAM), com bradicardia reflexa. Isoprenalina (3) provoca vasodilatação e queda na PAM, mas aumenta acentuadamente a força e a frequência cardíacas. A adrenalina (CENTRO) combina as ações da NA e da isoprenalina, mas que resulta em pequeno aumento da PA, devido as ações nos vasos de condutância periférica (2).

     

    Fig. 9. Representação esquemática dos efeitos cardiovasculares de infusões intravenosas de noradrenalina, adrenalina e isoproterenol no homem. Adaptada do livro Farmacologia Integrada. Ed. Roberta de Lucia.

     

    Agonistas de receptores b1-adrenérgicos.

    De acordo com a tabela 2, estão listados vários agonistas dos receptores beta1, cujas ações farmacológicas e segurança para gestante estão descritos em relação ao propranolol.

    Dentre os agonistas β1-adrenérgico específicos destacam-se a dobutamina apresenta certa analogia com a dopamina, visto que possui maior potência para incrementar a força de contração do que a frequência cardíaca. Mais recentemente, juntamente com a dobutamina, o prenalterol foi indicado para o tratamento ambulatorial da insuficiência cardíaca.

     Efeitos adversos: alguns dos principais Necrose no local da injeção, taquicardia, palidez, aumento da PA, hiperglicemia e ansiedade

     

    Agonistas de receptores b2-adrenérgicos

     Em vista da considerável incidência e intensidade de efeitos indesejáveis da isoproterenol (não seletivo b1, b2) no tratamento de doenças broncoconstritoras (asma), dezenas de agonistas mais seletivos pra os receptores b2-adrenérgicos foram desenvolvidos.  Buscava-se ainda nesses fármacos características como: maior biodisponibilidade oral, menor taxa de metabolismo e possibilidade de administração inalatória. Dentre os compostos sintetizados, merecem destaque: orciprenalina, terbutalina, fenoterol e salbutamol.

    Em obstetrícia, a ritodrina é um agonista b2-adrenérgico desenvolvido especialmente para uso como relaxante uterino. É rapidamente absorvida por via oral, porém de forma incompleta. Apresenta propriedades farmacológicas similares às de outros membros do grupo. Sua principal indicação é no tratamento do parto prematuro.

    Efeitos adversos: Os principais efeitos adversos de agonistas b2-adrenérgicos são tremor, taquicardia, tolerância durante o uso continuado e necrose do miocárdio, em doses elevadas.

     

    Agonistas seletivos de receptores a1-adrenérgicos

     A fenilefrina é um agonista específico de receptores a1-adrenérgicos, ativando receptores a somente em concentrações muito elevadas. Possui ações similares às da noradrenalina, porém mais prolongadas, visto que não é metabolizada pela COMT. Seus efeitos são semelhantes aos da metoxamina. É usada como descongestionante nasal e como midriático em preparações oftálmicas. Outros fármacos como metaraminol e miodrina são usados como vasoconstritores em estados hipotensivios.

    Efeitos adversos: Bradicardia reflexa, baixa oxigenação da mucosa nasal (necrose tecidual e perda do olfato).

     

    Agonistas seletivos de receptores a2-adrenérgicos

    clonidina é uma imidazolina que produz vasoconstrição mediada por receptores a2-adrenérgicos em leitos específicos (rins). Os principais efeitos farmacológicos desse fármaco incluem alterações (redução) na pressão sanguínea e frequência cardíaca, embora apresente várias outras ações importantes. A vasoconstrição é seguida por uma hipotensão prolongada, que resulta da diminuição do fluxo simpático central.

    O principal uso terapêutico da clonidina é como anti-hipertensivo e os seus derivados apraclonidina e bromonidina são utilizados na redução da pressão intraocular.

    Efeitos adversos: sedação, cansaço, secura na boca, hipotensão ortostática, disfunção sexual, dermatite contato. “HIPERTENSÃO DE REBOTE”

     

    Fármacos adrenérgicos de ação indireta

     Neste grupo se posicionam compostos derivados de fenoletilaminas (tiramina e os a-metilderivados, feniletanolaminas (efedrina) e feniletilaminas e derivados (anfetamina).

     Pouca relevância terapêutica, a tiramina tem sido usada apenas no diagnóstico diferencial do feocromocitoma (tumor da adrenal). A efedrina, fármaco antigo, ainda tem seu uso como descongestionante nasal nas rinites alérgicas, em função da vasoconstrição local que provoca; o estímulo cardíaco e a hipertensão episódica são efeitos adversos eventuais nessas circunstâncias. A anfetamina foi usada pela sua ação central (SNC) no tratamento auxiliar da obesidade e o seu interesse atual é como substância de abuso pelo potencial dependência.

     

    FÁRMACOS ANTIADRENÉRGICOS

     

    Antagonistas de receptores a-adrenérgicos

    Os antagonistas podem atuar de forma seletiva, ou não, sobre os diferentes subtipos de receptores adrenérgicos. A grande maioria dos antagonistas a e b-adrenérgicos interage de forma reversível com os receptores; uma exceção é a fenoxibenzamina, um antagonista irreversível, que se liga covalentemente aos receptores a-adrenérgicos.

    Fazem parte deste grupo os antagonistas inespecíficos dos receptores a (p. ex. fenoxibenzamina, fentolamina e derivados do ergot); antagonistas específicos a1 (p. ex. prazozina e doxazosina) e antagonistas específicos a2 (p. ex. ioimbina).

    Esses fármacos causam vasodilatação e queda da pressão arterial, porém com menos taquicardia do que a observada com os antagonistas não seletivos dos receptores a1. Os fármacos podem ser indicados terapeuticamente como anti-hipertensivos; determinam menor grau de hipotensão postural que a fenoxibenzamina e a fentolamina.

     

    Antagonistas de receptores b-adrenérgicos

     

    Os fármacos que bloqueiam receptores b-adrenérgicos foram desenvolvidos e colocados em uso clínico desde a década de 60. Muitos deles não são seletivos ou agem como agonistas parciais de receptores b-adrenérgicos. Os antagonistas b bloqueiam competitivamente o receptor, e certos compostos demonstram especificidade maior por um dos subtipos (b1 ou b2; Tabela 3)

     

    TABELA 3 Características de antagonistas b-adrenérgicos em comparação com o propranolol

    Fármaco

    Potência antagonista

    Atividade agonista

    Atividade depressora

     

    Alprenolol

    0,3-0,5

    ++

    ++

     

    Bunolol

    20

    0

    ?

     

    Nadolol

    2-4

    0

    0

     

    Pindolol

    5

    +

    0

     

    Propranolol

    1

    0

    +++

     

    Sotalol

    0,1

    0

    +

     

    Timolol

    6

    0

    +

     

     

    O propranolol, protótipo da classe, atua com antagonista b inespecífico, bloqueando os receptores (b1 ou b2).

    As características de outros antagonistas sintéticos b-adrenérgicos, não seletivos para receptores bl ou b2, são indicadas na Tabela 3, comparativamente ao propranolol.

    A segunda geração de antagonistas b1 são também denominados, antagonistas adrenérgicos cardiosseletivos, têm utilidade terapêutica como, antiarrítmicos, antianginosos e anti-hipertensivos. Essas ações relacionam-se à diminuição do trabalho cardíaco e da demanda de oxigênio, bem como à regularização da frequência cardíaca e à inibição da liberação de renina.

    O metoprolol é um antagonista b1 desprovido de atividade simpatomimética usado no tratamento da hipertensão associada ao feocromocitoma. Induz pouca alteração da frequência e do débito cardíacos e pode inibir a liberação de renina. Seu efeito anti-hipertensivo resulta primordialmente da redução da resistência periférica total.

    Em obstetrícia é usado para reduzir rapidamente a pressão arterial na pré-eclâmpsia, sem diminuir o fluxo sanguíneo útero/placenta. Atravessa a barreira placentária; todavia, hipoglicemia e bradicardia neonatais são raramente observadas.

    Mais recentemente, entre os antagonistas de receptores b1 de 3a.geração, o betaxolol é um antagonista b1-específico disponível em preparações oftálmicas, para o tratamento do glaucoma, e em formulação oral, para o tratamento da hipertensão sistêmica.

     

    Bloqueadores de neurônios adrenérgicos

     

    Os bloqueadores de neurônios adrenérgicos interferem na liberação de noradrenalina decorrente da estimulação nervosa. Podem produzir este efeito através da inibição da síntese, do armazenamento ou da liberação do neurotransmissor. Tais agentes não interferem de maneira significativa nas ações das catecolaminas circulantes ou exógenas, bem como de outras aminas simpatomiméticas que agem diretamente sobre os receptores adrenérgicos pós-juncionais. Fazem parte deste grupo os inibidores da MAO (desipramina e pargilina), a a-metil-dopa, a reserpina, a guanetidina e a 6-OH-dopamina, sendo as três ultimas praticamente obsoletas na clínica.

     

     

    Classe farmacológica

    Mecanismo

    Gestação

    (Classificação)

    Lactação

    (Risco)

    Observação

    Agonistas adrenérgicos

     

    Isoprotenerol

    Simpatomimético

     

    β1, β2

    ¹C, ²A

    Moderado

     

    Noradrenalina

    α1, α2

    ¹C; ²B3

    Baixo

    O uso deve ser feito com cuidado

    Adrenalina

    α1, α2, β1, β2, β3

    ²A, ³C

    Baixo

    O uso deve ser feito com cuidado. Pode reduzir a produção de leite

    Dobutamina

    β1

    1-2B; ³C

    Moderado

     

    Prenalterol

    β1

    ¹-²B;

     

    Sem Informação

    Recomenda-se: monitoramento da gestante

    Orciprenalina

    Broncodilatador

    β2

    ¹C

    Sem Informação

    Pouco indicado

    Terbutalina

    β2

    ¹C; ²A; ³B

    Baixo (Inalatório)

    Moderado (Oral, IV)

     

    Não indicado como tocolítico

    Fenoterol

    β2

    ¹,3B

    Moderado

     

    Salbutamol

    β2

    ²A; ³C

    Seguro

     

    Ritodrina

    Tocolítico

    β2

    ¹B, ³C

    Moderado

     

    Fenilefrina

    Descongestionante

    α1

    ¹,3C

    Moderado

     

    Metoxamina

     

    α1

    ¹C

    Sem Informação

    Fora do Mercado

    Metaraminol

    Vasopressor

    α1

    ¹C

    Sem Infomação

     

    Midodrina

    α1

    ¹C

    Sem Informação

     

    Clonidina

    Anti-hipertensivo

    α2

    ¹,3C; ²B3;

    Alto

    Recomenda-se: monitoramento da gestante;

    Interrupção da medicação ou amamentação

    Apraclonidina

    (Colírio)

    α2

    ²B3; ³C

    Moderado

    Recomenda-se: Interrupção da medicação ou amamentação

    Bromonidina

    (Colírio, Tópico)

    α2

    1-2B

    Sem informação

    Recomenda-se: Interrupção da medicação ou amamentação

     

     

     

     

     

     

     

    Antagonistas adrenérgicos

    O uso de betabloqueadores pode estar associado a bradicardia e hipoglicemia fetais e, possivelmente, restrição

    do crescimento fetal

    Fenoxibenzamina

     

     

    ¹,3C

    Moderado

     

    Prazozina

    Anti-hipertensivo

    α1 (agonista inverso)

    ¹C; ²B2

    Alto

     

    Doxazosina

    α1

    ³C

    Alto

     

    Bunolol

    β1 (não seletivo)

    ¹C

    Moderado

     

    Nadolol

    β1, β2

    ¹,3C

    Alto

     

    Pindolol

    β1 (não seletivo)

    ¹B; ²C

    Baixo

    Pode Causar braquicardia fetal

    Propranolol

    β (não seletivo)

    1-3C;

    Moderado

    Pode causar redução da perfusão da placenta, braquicardia e hipoglicemia fetal

    Sotalol

    β1

    ¹B; 2-3C

    Moderado

    Recomenda-se troca de medicação

    Timolol

    β1, β2

    ¹-3C

    Baixo

    Uso não recomendado na gestação

    Metoprolol

    β1

    1-3C

    Alto

     

    Betaxolol

    β1, β2

    1,3C

    Moderado

     

    Atenolol

    β1

    ¹,3D; ²C

    Alto

     

     

    Outros

     

    Desipramina

    Anti-depressivo

    Bloqueio da recaptação de serotonina

    ¹C

    Baixo

     

    Pargilina

    Inibidor da MAO

    ²B3

    Sem Informação

    Uso não recomendado durante amamentação

    alpha-metildopa

    Anti-hipertensivo

    Simpatomimético de ação central

    ¹B, ³C (Oral)

    ¹,3C (i.v.)

    Moderado

    uso com cuidado

    Reserpina

    Inibição da bomba ATP/Mg2+

    ¹C

    Alto

     

    Guanetidina

     

    ¹C

    Moderado

     

     

     

     

     

     

     

     REFERÊNCIA.

    Farmacologia Integrada. Roberto de Lúcia e Col. 

    FDA (Food and Drug Administration, EUA); ²TGA (Therapeutics Goods Administration, Australia); ³Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil)


  • PDF Slides Adrenérgico e Anti-adrenérgico

  • AULA PRÁTICA - SIMULADO SNA

    Objetivos da aula: Investigar os efeitos de diferentes fármacos sobre o coração e vasos (artérias e arteríolas).  Espera-se que os alunos consigam descrever os efeitos dos fármacos selecionados sobre o sistema cardiovascular do animal anestesiado.

    Metodologia; Cão anestesiado foi canulado para administração venosa dos agentes testes e para avaliação da pressão arterial e medidas dos parâmetros cardíacos. Agentes testes foram administrados e os parâmetros cardiovascuares mensurados.

    Farmacos:

    Adrenalina

    Noradrenalia

    Isoproterenol (isoprenalina)

    Outras

     Resultados: acesse o link abaixo, selecione os fármacos da classe dos adrenérgicos. Discuta o possível efeito no sistema cardiovascular, com base no seu conhecimento.

    https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4977031/course/section/5900483/Simulador%20SNA%20-%20vers%C3%A3o%202017-03-17.exe

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  • Section 9

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