Nas últimas três décadas, os estudos sociológicos e antropológicos de sexualidade tornaram-se uma área crescentemente dinâmica de pesquisa e reflexão. Boa parte desse dinamismo proveio da conexão com outros temas afins de grande impacto na teoria social contemporânea, como gênero e corpo, além da permanente questão das “identidades sociais”. Uma marca comum desses estudos é o esforço de articular questões convencionalmente tidas como afeitas à esfera da subjetividade a uma compreensão renovada de processos sociais e políticos mais amplos, propiciando assim um diálogo intenso e profícuo com a revisão de conceitos como pessoa, sujeito, cultura poder, movimento social e política.

A pesquisa e a reflexão contemporâneas sobre sexualidade nas ciências sociais têm insistido num conjunto instigante e fértil de proposições teóricas e programáticas. O ponto de partida é a conceituação da sexualidade como produto histórico, associado modernamente a estratégias de regulação e disciplina social. Esse enfoque salienta a importância do exame dos processos de reprodução e naturalização das idéias dominantes sobre sexualidade, sexo e gênero. Contribui também para questionar o caráter supostamente estável das categorias classificatórias, identidades sexuais e expressões de gênero, ao chamar atenção para sua fluidez e fragmentação interna; investigando as dissociações entre desejo, comportamento e identidade, e documentando os modos como sexualidades, corpos e gêneros são feitos na prática cotidiana, ao longo das trajetórias de vida, em relação a outros eixos de diferenciação social.

Este curso procura oferecer uma visão dos desenvolvimentos dessas idéias e sua repercussão, situando criticamente o interesse que o tema da sexualidade têm despertado nas ciências sociais e no debate público. Ao mesmo tempo, busca também chamar a atenção para as lógicas culturais envolvidas em processos de formação de identidades e constituição de sujeitos de direitos.

Espera-se que os estudantes participem ativamente das discussões em classe, bem como redijam obrigatoriamente um ensaio final individual, como parte da avaliação. A avaliação será feita com base na participação nas atividades em classe, que podem incluir a preparação de seminários, a combinar, e a elaboração do ensaio final. Este poderá consistir em uma reflexão sobre temas específicos de pesquisa de cada estudante, desde que promova um diálogo efetivo com a bibliografia discutida nas diversas unidades